Os preparativos para a
viagem haviam terminado. Jesus completara 12 anos, idade de iniciação nas
festas judaicas. Seria sua primeira peregrinação a Jerusalém. Festa da Páscoa. “Judeus,
partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o
Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas
a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes”,
dirigiam-se ao Tempo para reverenciar, louvar e glorificar a Iaweh. O menino
inquieta-se. As horas passam. José e Maria esperam pacientemente a passagem da
caravana. Surgem ao longe as primeiras notas do Salmo 121: “Que alegria quando me vieram
dizer: Vamos subir à casa do Senhor...”
A Família de Nazaré acompanha
a caravana. Em fila indiana, de um lado as mulheres, do outro, os homens.
Cânticos, orações, louvores, conversas animadas, correria de crianças... Tudo
isso fazia parte da festa.
Jerusalém já está à vista.
As vozes se elevam. O menino Jesus exulta. Canta forte: “Eis que nossos pés se estacam
diante de tuas portas, ó Jerusalém! 3
Jerusalém, cidade tão bem edificada, que forma um tão belo conjunto! 4 Para lá sobem as tribos, as tribos
do Senhor, segundo a lei de Israel, para celebrar o nome do Senhor”.
O Templo é grandioso.
Jesus está embevecido. Seus olhos encantam-se com o que vêem. O Santo dos
Santos - o local mais sagrado do Templo - é alvo de demorada contemplação. Tudo
é lindo! Tudo o fascina! Seus pais admiram-se com a admiração do Filho. A
alegria é um contágio durante a celebração.
O tempo não espera. É
chegado o momento da volta. Cânticos e salmos de despedida e agradecimento
tomam conta das estradas que saem de Jerusalém. À tardinha do primeiro dia,
Maria dá-se conta da ausência de Jesus. Comunica a José. Perguntam, indagam aos
vizinhos, aos conhecidos... A angústia os envolve. Retornam a Jerusalém.
Vasculham a cidade durante três dias. Cansados, exaustos, quase que
desesperançados, recebem a informação de que há um menino no Templo, discutindo
e explicando as Escrituras aos doutores da Lei e aos escribas. Dirigem-se
apressadamente para lá.
“Quando eles o viram,
ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que
teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição”. A
primeira espada de dor de Simeão, concretizava-se aqui. A dor da perda. Perda
de um filho, perda do Filho de Deus. Que sofrimento! E depois ainda ouvir estas
palavras: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?” Não
entenderam nada. Tudo estava nublado, turvo, obscuro. Mas, mesmo sem compreender,
Maria guardava todas estas coisas no seu coração.
Aliviados e contentes,
voltaram para Nazaré. E mesmo sendo Filho do Altíssimo, o menino Jesus era
submisso aos seus pais. E por esta submissão - sinal de obediência - “crescia
em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens”.
Que a Sagrada Família seja
o modelo das nossas famílias. Família que passou por instantes de alegria,
angústia e alívio, como nós passamos. Uma família humana que viveu
verdadeiramente o amor.
Consagremos as nossas
famílias à Sagrada Família de Nazaré, com a jaculatória tantas e tantas vezes
repetida por Dom Guido, bispo emérito falecido há poucos anos em Fortaleza, que
foi o seu devoto mais fervoroso: “Jesus,
Maria e José, a nossa família vossa é”.
(Lc 2,41-52)
Paz e Luz
Antonio Luiz Macêdo
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