Cidade do Vaticano (RV) – “Chegou a
hora de virar página e desarraigar preconceitos seculares”: esta foi a
exortação que o Papa Francisco fez esta segunda-feira (26/10), na Sala Paulo
VI, diante de mais de 7 mil participantes da peregrinação mundial do povo
cigano.
O evento, em andamento desde o dia 23, é promovido
pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes para
celebrar os 50 anos da visita de Paulo VI ao campo nômade de Pomezia (26 de
setembro de 1965).
Em seu discurso, o Papa se diz consciente das
dificuldades pelas quais passam os ciganos. “Visitando algumas paróquias
romanas, nas periferias da cidade, tive modo de sentir seus problemas,
inquietações, e constatei que interpelam não somente a Igreja, mas também as
autoridades locais.”
Francisco citou as condições precárias em que vivem
muitos dos povos nômades, o que fere o direito de cada pessoa a uma vida digna,
com trabalho instrução e saúde. “Não queremos mais assistir a tragédias
familiares, em que crianças morrem de frio ou entre as chamas, ou se tornam
objeto em mãos a pessoas depravadas, jovens e mulheres envolvidos no tráfico de
droga ou de seres humanos. E isso porque muitas vezes caímos na indiferença e
na incapacidade de aceitar costumes e modos de vida diferentes do nosso.”
Nova história
Para o Pontífice, chegou a hora de o povo cigano
dar início a uma nova história, “de virar página” e desarraigar preconceitos
seculares e desconfianças que estão na base da discriminação, do racismo e da
xenofobia. “Ninguém deve se sentir isolado e autorizado a espezinhar a
dignidade e os direitos dos outros”, acrescentou o Papa, encorajando em
primeiros lugar os próprios nômades a construírem periferias mais humanas,
evitando tudo o que não é digno do cristianismo: falsidades, fraudes,
enrascadas e litígios. E propôs como exemplo a vida do Beato cigano Zeferino
Giménez Malla.
“Queridos amigos, não deem aos meios de comunicação
a à opinião pública ocasião para falar mal de vocês”, exortou ainda Francisco,
recordando-lhes que são os protagonistas de seu presente e de seu futuro. Para
isso, constatou o Papa, é preciso investir na educação das crianças, advertindo
para o baixo nível de escolarização dos jovens. “Seus filhos têm direito a ir à
escola, não os impeçam”, pediu o Pontífice.
Recordando o afeto dos seus antecessores S. João
Paulo II e Bento XVI pelo povo cigano, Francisco concluiu seu discurso com as
palavras de Paulo VI: “Vocês não estão à margem da Igreja, mas, sob certos
aspectos, vocês estão no centro, no coração”.
CNBB
A Pastoral dos Nômades da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) também participa da peregrinação mundial.
A Pastoral está representada pelo seu Bispo
referencial, Dom José Edson Santana Oliveira (Eunápolis – BA), pelo Secretário-Executivo,
Padre Wallace do Carmo Zanon, e por 15 ciganos da Bahia, de São Paulo, do
Espírito Santo e do Rio Grande do Sul.
Fonte e imagem: News.va
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