Cidade
do Vaticano (RV) – O Papa Francisco está de volta ao Vaticano. O
avião que o trouxe “à casa” aterrissou na tarde de segunda-feira (30/11) por
volta das 18h30 no aeroporto de Ciampino e, como de costume, Francisco se
dirigiu diretamente à Basílica de Santa Maria Maior para agradecer ‘Maria salus
populi romani’ pela proteção oferecida durante a viagem ao Quênia, Uganda e
República Centro-africana.
A bordo do avião Francisco concedeu a tradicional
entrevista aos jornalistas que o acompanhavam e afirmou que “o aquecimento
climático põe o mundo à beira do suicídio” e que a comunidade internacional
reunida na Conferência do Clima de Paris (COP21) deve alcançar um acordo “agora
ou nunca”.
“Não estou seguro do resultado da COP21, mas o que
posso dizer é que agora ou nunca se deve atuar diante das mudanças climáticas”,
declarou. “Desde a conferência de Quioto, em 1991, pouco foi cumprido e a cada
ano, os problemas são mais graves, enquanto tudo parece indicar, empregando uma
palavra forte, que estamos à beira do suicídio”, prosseguiu o Pontífice.
“A quase totalidade daqueles que estão em Paris
querem fazer algo. Tenho confiança de que o farão, têm boa vontade e rezo por
eles”, disse ainda.
Outra pergunta feita no voo foi a respeito da
oposição da Igreja católica em relação ao uso de preservativo no combate à
Aids. Às vésperas do Dia Mundial de Luta contra a doença (celebrado em 01/12),
o Papa admitiu que a questão “é moralmente complicada para a Igreja”. “O
preservativo “é um dos métodos que pode prevenir o alastramento do vírus
e, consequentemente, da doença, mas... quando as pessoas estão morrendo de sede
e de fome (...), a sua questão parece demasiado limitada”, rebateu o Papa ao jornalista
que o questionou sobre o tema. “O problema é maior”, insistiu, enumerando a
desnutrição, o trabalho escravo, a falta de água potável e o tráfico de armas.
Além disso, “a África é continente que foi mártir da exploração” pelos países ricos que cobiçam os seus recursos naturais e tentam impor valores ocidentais, em vez de se concentrar no desenvolvimento.
Questionado sobre o fundamentalismo religioso e a
atuação dos líderes políticos, o Papa criticou “a rede de interesses que se
esconde atrás dos conflitos bélicos”, em sua opinião provocados pelo “dinheiro
e o poder”. Disse ainda que “não se pode rechaçar uma religião porque tem
grupos fundamentalistas: “Também os cristãos devem pedir perdão por fatos do
passado”. Neste sentido recordou Catarina de Médici e a matança promovida em
Paris no século XVI, conhecida como “o massacre de São Bartolomeu” e completou:
“O saque de Roma não foi feito pelos muçulmanos!”.
Por fim, a respeito do processo em andamento no
Vaticano, o Papa admitiu que se cometeu um erro ao confiar no Padre Vallejo
Balda e em Francesca Chaouqui, que no início do mês foram detidos por furto e
divulgação de notícias e documentos confidenciais.
O Papa referiu, no entanto, que todo este caso não
foi uma surpresa para ele: “Não me tirou o sono, porque foi divulgado o
trabalho que se começou a fazer com a Comissão de Cardeais – o C9 – justamente
para encontrar casos de corrupção e coisas que não vão bem”.
Francisco recordou que as denúncias sobre a
“sujeira” na Igreja remontam ao fim do pontificado de João Paulo II, quando o
então Cardeal Joseph Ratzinger tomou “a liberdade de dizer as coisas”. “Desde
esse tempo, anda no ar a ideia de que há corrupção no Vaticano”, acrescentou.
Em relação ao julgamento, ele admitiu que gostaria
que acabasse antes do início do Jubileu da Misericórdia (8 de dezembro), e
recusou a ideia de que a acusação aos dois jornalistas envolvidos seja um
ataque da Santa Sé à liberdade de imprensa.
“O fundamental é ser realmente profissional; que as
notícias não sejam manipuladas. Isto é importante, porque denunciar injustiças
e corrupção é um belo trabalho”, disse.
Fonte e imagem: News.va
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