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sábado, 19 de dezembro de 2015

Igreja: Burundi – Jubileu é uma grande oportunidade de reconciliação



«O Jubileu da Misericórdia representa uma grande oportunidade para o Burundi. Sem o perdão e a misericórdia não pode existir nenhum tipo de reconciliação e a reconciliação é aquilo de que o nosso país mais precisa”. – Declarações de D. Joachim Ntahondereye, bispo de Muyinga, no Burundi, à organização “Ajuda à Igreja que Sofre”.

O prelado explicou que as tensões no país tiveram início no passado mês de Abril, com a decisão do Presidente Nkurunziza de se candidatar para um terceiro mandato. O que deu origem a manifestações em todo o país. É que a constituição e os acordos de paz de Arusha que puseram fim aos conflitos passados no Burundi, limitam os mandatos presidênciais a dois.

A Igreja local, desde o primeiro momento, denunciou a irregularidade da candidatura de Nkurunziza. «Nós os bispos escrevemos duas cartas pastorais – recorda D. Ntahondereye  - sublinhando a importância de trabalhar para ter uma democracia, que não exclua ninguém e que procure o bem comum e a justiça social».

O bispo de Muyinga considera que depois do golpe falhado do passado mês de Maio, é difícil que haja um novo golpe  «porque os maiores exponentes da oposição tiveram de fugir para o estrangeiro». «No entanto, à semelhança do que aconteceu na República Centro-africana, há o perigo de uma rebelião. Isto poderá acontecer se não se trabalhar para a reconciliação», afirma D. Ntahondereye, fazendo notar que este aspecto representa o principal desafio para a Igreja local, cujas dioceses tiveram todas recentemente um sínodo sobre este tema.

Ele enalteceu o trabalho das Comissões Diocesanas Justiça e Paz que agem quotidianamente em todo o território no sentido de ensinar a população a superar os conflitos sem recorrer à violência.  «Muito importante são as comissões de reconciliação, a quem as pessoas se dirigem para resolver controvérsias. Trata-se de comissões compostas por membros de varias religiões, às quais se dirigem também os muçulmanos» - frisou o prelado, mencionando também os cerca de 200 mil refugiados burundeses que se encontram actualmente na Tanzânia, Ruanda e República Democrática do Congo. «Não os podemos transcurar, devemos compreendê-los e confortá-los. E empenharmo-nos para criar as condições de paz que lhes permitam regressar a casa».

Um outro grande desafio da Igreja no Burundi é a formação dos leigos. «Somente eles podem permitir que a Igreja incida na realidade política e social. Hoje, olhando para os nossos políticos maioritariamente católicos, não podemos não perguntarmo-nos porque não dão testemunho da sua fé também no contexto político, deixando-se inspirar pelos valores cristãos como a justiça, a verdade e a procura do bem comum» - rematou o bispo burundês de Muyinda. 

Fonte e imagem: Rádio Vaticano

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