WASHINGTON DC, 23 Set. 15 /
12:31 pm (ACI).- Em uma ensolarada manhã em Washington D.C., capital dos Estados Unidos,
o Papa recebeu de maneira oficial as boas-vindas do presidente norte-americano
Barack Obama, com quem havia tido um breve encontro na sua chegada na tarde
anterior e pronunciou um eloquente discurso na cerimônia prepara no jardim sul
da Casa Branca, sede do governo norte-americano. Abaixo reproduzimos na íntegra
as palavras do Santo Padre ao presidente Obama.
Senhor Presidente!
Obrigado pela saudação de boas-vindas que me
dirigiu em nome de todos os americanos. Como filho duma família de emigrantes,
sinto-me feliz por ser hóspede nesta nação, que foi construída em grande parte
por famílias semelhantes. Olho com alegria para estes dias de encontro e
diálogo, em que espero perscrutar e compartilhar muitos dos sonhos e esperanças
do povo americano.
Na minha visita, terei a honra de me dirigir ao
Congresso, onde espero, como irmão deste país, dizer uma palavra de
encorajamento a todos aqueles que são chamados a guiar o futuro político da
nação na fidelidade aos seus princípios fundadores. Irei também a Filadélfia,
para o VIII Encontro Mundial das Famílias, cuja finalidade é celebrar e apoiar
as instituições do matrimónio e da família, num momento crítico da história da
nossa civilização.
Senhor Presidente, os católicos americanos,
juntamente com seus concidadãos, estão comprometidos na construção duma
sociedade que seja verdadeiramente tolerante e inclusiva, na defesa dos
direitos dos indivíduos e das comunidades, e na rejeição de qualquer forma de
discriminação injusta. Juntamente com muitas outras pessoas de boa vontade
desta grande democracia, eles esperam que os esforços por construir uma
sociedade justa e sabiamente ordenada respeitem as suas preocupações mais
profundas e os seus direitos inerentes à liberdade religiosa. Esta liberdade
permanece como uma das conquistas mais valiosas da América. E, como os meus
irmãos bispos dos Estados Unidos nos lembraram, todos
somos chamados a vigiar, precisamente como bons cidadãos, por preservar e
defender tal liberdade de tudo o que a possa pôr em perigo ou comprometer.
Senhor Presidente, considero prometedor o facto de
Vossa Excelência ter vindo a propor uma iniciativa para a redução da poluição
do ar. Vista a sua urgência, parece-me claro que a mudança climática já não
pode ser um problema deixado à geração futura. A história colocou-nos num
momento crucial quanto ao cuidado da nossa «casa comum». Mas estamos ainda a
tempo de empreender mudanças que assegurem «um desenvolvimento sustentável e
integral, pois sabemos que as coisas podem mudar» (Enc. Laudato si’, 13).
São mudanças que exigem de nós um reconhecimento
sério e responsável do tipo de mundo que podemos deixar não só aos nossos
filhos, mas também aos milhões de pessoas sujeitas a um sistema que as tem
transcurado. A nossa casa comum foi parte deste grupo de excluídos que brada ao
céu e que hoje bate com força às portas de nossas casas, cidades, sociedade.
Retomando as sábias palavras do Reverendo Martin Luther King, podemos dizer que
estivemos em falta quanto a alguns compromissos e, agora, chegou o momento de
os honrar.
Pela fé, sabemos que «o Criador não nos abandona,
nunca recua no seu projecto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A
humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa
comum» (ibid., 13). Como cristãos animados por esta certeza, procuramos
comprometer-nos neste cuidado consciente e responsável da nossa casa comum.
Os esforços feitos recentemente para reconciliar
relações que haviam sido rompidas e para a abertura de novas vias de cooperação
dentro da família humana constituem passos em frente no caminho da
reconciliação, da justiça e da liberdade. Almejo que todos os homens e mulheres
de boa vontade desta grande e próspera nação apoiem os esforços da comunidade
internacional para proteger os mais vulneráveis no nosso mundo e promover
modelos integrais e inclusivos de desenvolvimento, de modo que, em todo o lado,
possam os nossos irmãos e irmãs conhecer as bênçãos da paz e da prosperidade
que Deus deseja para todos os seus filhos.
Senhor Presidente, uma vez mais lhe agradeço a sua
recepção e olho com confiança para estes dias no seu país. Deus abençoe a
América!
Fonte e imagem: ACI Notícias
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