No
número 1001 da Tribune
Juive (1987), Lazare Landau conta:
“Numa noite brumosa e glacial de inverno de
1962-63, atendi a um convite extraordinário no Centro Comunitário da
Paz, em Estrasburgo. Os dirigentes judeus recebiam, em segredo, no
subsolo, um enviado do papa. Na saída do Shabat, éramos uma dezena para acolher
um dominicano de vestimenta branca, o reverendo padre Yves Congar, encarregado
pelo Cardeal Bea, em nome de João XXIII, de nos perguntar, no início do
Concílio, o que esperávamos da Igreja Católica (...)”.
“Os judeus, mantidos há vinte séculos à margem da
sociedade cristã, frequentemente tratados como subalternos, inimigos e
deicidas, pediam sua completa reabilitação. Provindos, em linhagem direta, do
tronco abrâmico, de onde saiu o Cristianismo, pediam para serem considerados
como irmãos, parceiros de igual dignidade, da Igreja Cristã (...).”
“O mensageiro branco – despojado de qualquer
símbolo ou ornamento – retornou a Roma, portador das inumeráveis solicitações
que reforçavam as nossas. Depois de debates difíceis (...), o Concílio atendeu
as nossas expectativas. A declaração Nostra Aetate n° 4 constituiu – Padre
Congar e três redatores do texto me confirmaram – uma verdadeira revolução na
doutrina na Igreja sobre os judeus (...)”.
“Homilias e catecismos mudariam em poucos anos
(...). Desde a visita secreta do Padre Congar, num lugar escondido da sinagoga,
durante uma noite muito fria de inverno, a doutrina da Igreja tinha conhecido
uma total mutação.”
Fonte:
Repetimus Nostra
Imagem
Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário