Júlia
estava desesperada. Nada pra ela dava certo. Estava no limite quando ouviu
falar da chegada de um monge na cidade. Chamava-se Sidour. Decidiu então,
procurá-lo.
No
dia seguinte pela manhã, estava diante dele. Pediu sua bênção, beijou-lhe
respeitosamente a mão, e detalhou a sua vida. Ele a ouviu atentamente e manteve
silêncio. Alguns segundos após, disse-lhe:
-Leve-me
até a sua residência.
Ao
chegar e sem nenhuma cerimônia pediu-lhe que mostrasse a sua cômoda.
Havia
cinco gavetas, mas as que lhe interessavam eram as três superiores. Abriu a
primeira. Observou os detalhes e fez a sua leitura:
-Júlia,
esta é a gaveta da FÉ. Veja como está desarrumada. Não existe canto certo para
nada. É o reflexo do seu interior. A fé nos é dada pelo Espírito Santo, e Ele é
ORDEM.
Fechou
e abriu a segunda. Passou os olhos vigilantes pelo conteúdo e afirmou:
-Esta
é a gaveta da ESPERANÇA e depende diretamente da primeira. Se não houver
equilíbrio (e aqui não há nenhum), nada funciona. A esperança é virtude que o
Espírito Santo nos presenteia, e Ele é DETERMINAÇÃO.
Fechou
a gaveta e abriu a última das três. Seus olhos estavam fixos na quantidade de
objetos supérfluos.
-Amiga
Júlia, eis a gaveta do AMOR. Veja a mistura de coisas novas, velhas, usadas,
descoloridas, mofadas... O amor é sempre novo. Ele é o objetivo e a finalidade
para o qual Deus nos criou. Fomos criados pelo Amor e para o Amor; e o amor é
DESAPEGO.
A
partir de agora “comece o começo”. Jesus está com você.
Júlia
agradeceu. Ficou ainda alguns instantes no portão, enquanto ele subia ladeira
acima rumo ao mosteiro.
Três
meses depois ela voltou a reencontrá-lo. Abraçou-o carinhosamente, pediu a sua
bênção...
-Monge
Sidour, a minha vida mudou totalmente. Bati à porta da felicidade e ela foi
aberta. Nada me falta. Com suas três santas palavras encontrei Jesus. ele é
agora verdadeiramente o meu Senhor. A minha alegria não tem limites. Vim
agradecê-lo. Muito obrigada pelo que o senhor fez por mim. Obrigada por me ter
ajudado tanto.
-Eu
não fiz nada, a não ser abrir as gavetas. Foi Deus quem falou através de mim.
Portanto, você deve o agradecimento a Ele, que é “digno de louvor, de honra e
glória para sempre”.
Encontrando
Jesus, Júlia encontrou sua vocação.
Hoje é monja contemplativa da Ordem das Clarissas -
porque diz ela: “Se tudo clareou em minha vida depois do encontro com o monge
Sidour, no mínimo Santa Clara escutou a conversa”.
#ContoContado
Chad
Imagens Google
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