Não goste, ame! Pois somente o AMOR é capaz de construir o mundo. (Antonio Luiz Macêdo)..

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CONTO DO CHAD

A LAGARTA E A BORBOLETA

No galho de uma roseira uma lagarta devorava vorazmente as folhas. Muito bem alimentada, arrastou-se até outro galho que ficava na sombra. Ali estava mais confortável.
Passeando casualmente por aquelas bandas, uma borboleta colorida, de asas amarelas e pretas, aproximou-se de uma rosa e começou a sugar o néctar. Após o alimento pousou discretamente no mesmo galho que a lagarta escolhera.
-Boa tarde, borboleta. Você é tão linda e eu tão feia. 
  
  -Não se lamente, lagarta. Tudo tem o seu tempo certo.
   -Enquanto você se alimenta do néctar adocicado das flores, eu devoro folhas verdes amargas.
-Minha amiga, a vida é assim mesmo. Um dia, com certeza, tudo vai melhorar pra você, como mudou pra mim.

-Mudou pra você? - perguntou a lagarta, ansiosa pela resposta.
-É. Mudou. Eu não era borboleta, fui uma lagarta igualzinha a você. Tamanho... Peso... Diâmetro... Arrastei-me por muito tempo. Alimentei-me também de folhas amargas. Até que um dia...
-Até que um dia... – repetiu a lagarta, incitando-a a responder ligeiro.

-Começou o processo de transformação. De ovo passei ao estado de larva (seu estado atual). Durou meses. Com o passar do tempo, fiquei recoberta de fios de seda, para me proteger dos predadores. Aí passei à fase de pupa. E bem quietinha num canto, iniciei a construção do casulo.
-Casulo? O que é isso? – assustou-se a lagarta.
-O casulo é uma “casinha” que a gente fica dentro, sem comer, sem beber, sem se mexer... Até completar a transformação (metamorfose) que dura em torno de um mês inteiro. Após esse período de “jejum” e fraca, a gente passa quase que 24 horas pra sair do casulo por uma saída bem estreitinha. É um sofrimento terrível. As nossas asinhas são enxugadas pelo aperto do buraquinho que vai espremendo e retirando a água. E quando a gente sai totalmente... Aí é o voo da vitória.
-Quer dizer que eu ainda vou passar por tudo isso?
- Se você quiser a sua liberdade de voar e não arrastar-se mais pelo chão...
- Eu penso que não vou suportar. Você foi forte, eu sou fraca, insegura. Será que esse processo vai servir pra mim?
-Lagarta, se não nos matarem antes, todas nós passamos pelo mesmo processo. E sem ajuda de ninguém.

-Borboleta, será que eu consigo?
-A sua determinação é que lhe responderá.
E a borboleta voou, deixando a lagarta sozinha.

Muito tempo depois, se encontraram. A lagarta fez-se linda borboleta, enquanto a amiga que a incentivara tanto, envelhecida e quase sem forças, mais do que voar, se arrastava.
-Minha amiga, o que se passa com você?
-Não consigo quase voar. Estou velha, fraca e feia. Vale a pena ficar assim? Ah se eu fosse uma lagarta!
-Sempre vale a pena viver. Arrastando-se pelo chão ou voando. Comendo folhas ou néctar. O mais importante é que não queiramos ser o que não podemos mais. Um dia fomos lagartas. Hoje somos borboletas. Passamos pelo tempo e o tempo passou de nós.

 Assim acontecerá conosco. Quando o “casulo definitivo” nos envolver, seremos, não metamorfoseados, mas transfigurados em seres espirituais semelhantes aos anjos, para então vivermos definitivamente a vida que não terá fim, contemplando por toda a eternidade a glória de Deus.

#CreioQueValeu
Chad 

Fotos: Google

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