No
galho de uma roseira uma lagarta devorava vorazmente as folhas. Muito bem
alimentada, arrastou-se até outro galho que ficava na sombra. Ali estava mais
confortável.
Passeando
casualmente por aquelas bandas, uma borboleta colorida, de asas amarelas e
pretas, aproximou-se de uma rosa e começou a sugar o néctar. Após o alimento
pousou discretamente no mesmo galho que a lagarta escolhera.
-Não se lamente, lagarta. Tudo tem o seu tempo certo.
-Enquanto
você se alimenta do néctar adocicado das flores, eu devoro folhas verdes
amargas.
-Minha
amiga, a vida é assim mesmo. Um dia, com certeza, tudo vai melhorar pra você,
como mudou pra mim.
-Mudou pra você? - perguntou a lagarta, ansiosa pela resposta.
-Mudou pra você? - perguntou a lagarta, ansiosa pela resposta.
-É.
Mudou. Eu não era borboleta, fui uma lagarta igualzinha a você. Tamanho...
Peso... Diâmetro... Arrastei-me por muito tempo. Alimentei-me também de folhas
amargas. Até que um dia...
-Até
que um dia... – repetiu a lagarta, incitando-a a responder ligeiro.
-Começou
o processo de transformação. De ovo passei ao estado de larva (seu estado
atual). Durou meses. Com o passar do tempo, fiquei recoberta de fios de seda,
para me proteger dos predadores. Aí passei à fase de pupa. E bem quietinha num
canto, iniciei a construção do casulo.
-Casulo?
O que é isso? – assustou-se a lagarta.
-O
casulo é uma “casinha” que a gente fica dentro, sem comer, sem beber, sem se
mexer... Até completar a transformação (metamorfose) que dura em torno de um
mês inteiro. Após esse período de “jejum” e fraca, a gente passa quase que 24
horas pra sair do casulo por uma saída bem estreitinha. É um sofrimento
terrível. As nossas asinhas são enxugadas pelo aperto do buraquinho que vai
espremendo e retirando a água. E quando a gente sai totalmente... Aí é o voo da
vitória.
-Quer
dizer que eu ainda vou passar por tudo isso?
-
Se você quiser a sua liberdade de voar e não arrastar-se mais pelo chão...
-
Eu penso que não vou suportar. Você foi forte, eu sou fraca, insegura. Será que
esse processo vai servir pra mim?
-Lagarta,
se não nos matarem antes, todas nós passamos pelo mesmo processo. E sem ajuda
de ninguém.
-Borboleta,
será que eu consigo?
-A
sua determinação é que lhe responderá.
Muito tempo depois, se encontraram. A lagarta fez-se linda borboleta, enquanto a amiga que a incentivara tanto, envelhecida e quase sem forças, mais do que voar, se arrastava.
-Minha
amiga, o que se passa com você?
-Não
consigo quase voar. Estou velha, fraca e feia. Vale a pena ficar assim? Ah se
eu fosse uma lagarta!
-Sempre
vale a pena viver. Arrastando-se pelo chão ou voando. Comendo folhas ou néctar.
O mais importante é que não queiramos ser o que não podemos mais. Um dia fomos
lagartas. Hoje somos borboletas. Passamos pelo tempo e o tempo passou de nós.
Assim
acontecerá conosco. Quando o “casulo
definitivo” nos envolver, seremos, não metamorfoseados,
mas transfigurados em seres
espirituais semelhantes aos anjos, para então vivermos definitivamente a vida
que não terá fim, contemplando por toda a eternidade a glória de Deus.
#CreioQueValeu
Chad
Fotos: Google
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