Cidade do Vaticano (RV) – “A
alegria do amor” (Amoris Laetitia) é o título da Exortação Apostólica
pós-sinodal que o Papa Francisco assinou em 19 de março passado, Solenidade de
São José, e que foi apresentada nesta sexta-feira, 8 de abril, no Vaticano.
A Exortação tem nove capítulos e a oração final à
Santa Família. O documento reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a família
convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015.
“À luz da Palavra”
No primeiro capítulo, o Papa indica a Palavra de
Deus como uma “companheira de viagem para as famílias que estão em crise ou
imersas em alguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho”.
“A realidade e os desafios das famílias”
Partindo do terreno bíblico, no segundo capítulo, o
Papa insiste no caráter concreto, que estabelece uma diferença substancial
entre teorias de interpretação da realidade e ideologias. “Sem escutar a
realidade não é possível compreender nem as exigências do presente nem os
apelos do Espírito”, aponta. “Jesus propunha um ideal exigente, mas não perdia
jamais a proximidade compassiva às pessoas frágeis”.
"O olhar fixo em Jesus: a vocação da família”
O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos
essenciais do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e a família. Ilustra a
vocação à família assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo,
sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do
matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. A reflexão inclui
ainda as famílias feridas e o Papa recorda aos pastores que, “por amor à
verdade, estão obrigados a discernir bem as situações”, já que o grau de
responsabilidade não é igual em todos os casos: “ É preciso estar atentos ao
modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição”.
“O amor no matrimônio”
O quarto capítulo trata do amor no matrimônio. O
Papa faz uma reflexão acerca da «transformação do amor» ao longo do casamento.
A aparência física transforma-se e a atração amorosa não desaparece, mas muda.
«Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida
inteira; mas podemos ter um projeto comum estável.
“O amor que se torna fecundo”
O quinto capítulo centra-se por completo na
fecundidade e no caráter gerador do amor. Fala-se de gestação e adoção. A Amoris
laetitia não toma em consideração a família «mononuclear», mas está
consciente da família como rede de relações alargadas.
“Algumas perspectivas pastorais”
No sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias
pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas. Fala-se também do
acompanhamento das pessoas separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância
da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de
nulidade matrimonial. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações
de conflito e conclui-se: "O divórcio é um mal". Fala-se da situação
das famílias com pessoas com tendência homossexual, insistindo na recusa de
qualquer discriminação.
“Reforçar a educação dos filhos”
O sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação
dos filhos, em todos os âmbitos, inclusive sexual. É feita uma advertência em
relação à expressão «sexo seguro», pois transmite «uma atitude negativa a
respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade.
“Acompanhar, discernir e integrar a
fragilidade”
O capítulo oitavo é muito delicado, representa um
convite à misericórdia e ao discernimento pastoral. O Papa usa aqui três verbos
muito importantes: «acompanhar, discernir e integrar». O Papa escreve: «Os
divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em
situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em
afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento
pessoal e pastoral».
O Papa afirma que «os batizados que se divorciaram
e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã
sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A
sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais.
Francisco profere uma afirmação extremamente
importante para que se compreenda a orientação e o sentido da Exortação: «Se se
tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (…) é
compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova
normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos. É possível apenas
um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos
casos particulares.
“Espiritualidade conjugal e familiar”
O nono capítulo é dedicado à espiritualidade
conjugal e familiar. O Papa afirma: «Nenhuma família é uma realidade perfeita,
mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar.
Nota
Como já se pode depreender a partir de um rápido
exame dos seus conteúdos, a Exortação apostólica não pretende reafirmar
com força o «ideal» da família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas
suas páginas um olhar aberto, profundamente positivo, que não se nutre de
abstrações ou projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O
documento é uma leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática
útil a cada casal ou a pessoas que desejam construir uma família. Nota-se
sobretudo que foi fruto de uma experiência concreta com pessoas que sabem a
partir da experiência o que é a família e o viver juntos durante muitos anos. A
Exortação fala a linguagem da experiência e da esperança.
Fonte e imagem: News.va
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