REDAÇÃO CENTRAL, 24 Jun. 15 / 11:15 am (ACI).- Hoje celebra-se a
Natividade de São João Batista, um dos santos mais lembrados durante as
tradicionais festas juninas. Além dele, os festejos fazem memória de Santo
Antônio (comemorado em 13 de junho) e São Pedro (29 de junho). Atualmente, as
comemorações apresentam-se enraizadas na cultura e no folclore popular, porém
tanto em sua origem como expressões, as festas são uma rica mostra da
religiosidade popular brasileira. Neste dia de São João, ACI
Digital traz um pequeno elenco de aspectos religiosos destas comemorações:
Origem
Apesar de terem se tornado características do
Nordeste brasileiro, as festas juninas tiveram origem na Europa. Na
Antiguidade, celebrava-se nesta época do ano deuses pagãos que seriam
responsáveis pelo clima – já que neste período ocorre o solstício de verão no
hemisfério norte – e pelas boas colheitas. Com o passar dos anos, quando o
catolicismo foi se tornando religião predominante na região, foram incorporadas
algumas festas pagãs, que passaram a ter caráter religioso e ajudavam a
propagar a fé. Essas festas, então, passaram a se chamar “joaninas”, em
homenagem a São João. A tradição chegou ao Brasil com os portugueses.
Instrumento de catequese
Quando os jesuítas chegaram ao Brasil, no século
XVI, trouxeram a tradição das festas religiosas e perceberam que isso ajudava
na missão de catequizar. Além disso, notaram que as festas juninas coincidiam
com o período em que os índios faziam seus rituais pela fertilidade do campo e
essa também passou a ser uma festividade para a agradecer pela fartura das
colheitas, reforçar os laços familiares e rezar para que a próxima colheita
seja farta. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas
deste cereal integram a tradição, como a canjica e a pamonha.
Influências de outros países
As quadrilhas são inspiradas nas danças marcadas
dos nobres franceses, de onde vem os gritos “Anavam! Anarriê!”, que, na
verdade, seriam os comandos “En avant” e “En arriere”, que em francês
significam ir para frente e para trás. Dos espanhóis e portugueses, veio a
dança de fitas. E até mesmo os chineses influenciaram esses festejos, com os
fogos de artifício, pois, segundo consta, foi na China que teria surgido a
manipulação da pólvora para a fabricação de fogo. Nas festas juninas, os fogos
passaram a ter um sentido próprio. De acordo com a tradição, seriam fogos para
“acordar São João”.
Fogueira
Segundo a tradição, essa prática remeteria a um
acordo feito entre Maria e sua prima Isabel. Esta teria que acender uma
fogueira no topo de um monte para avisar sua prima que seu filho, João, havia
nascido.
Ceia de São João
Nesta véspera do dia de São João, muitos no
Nordeste do Brasil vão se reunir em família, com vizinhos e amigos para a
tradicional ceia junina. Essa prática remete à ceia natalina, realizada na
véspera do Natal esperando o nascimento do Menino Jesus. No
caso da ceia junina, espera-se pelo nascimento de João Batista.
Santo Antônio
Ficou conhecido como santo casamenteiro, ao qual as
mulheres recorrem quando desejam encontrar um marido. Segundo consta, esse
título se deve a um fato: uma jovem pobre teria pedido a benção do então Frei
Antônio porque não conseguia realizar o casamento por causa da baixa condição
financeira de sua família, que não teria dinheiro para pagar o dote, as
vestimentas e o enxoval; o frei teria abençoado a moça e pedido que confiasse;
passados alguns dias, a mulher teria recebido tudo o que precisava e conseguiu
se casar. Santo Antônio também é considerado “padroeiro dos pobres”,
invocado diante de situações difíceis. Morreu em 13 de junho de 1231 e foi
canonizado em 13 de maio de 1232 pelo Papa Gregório IX, na canonização mais
rápida da história. A profundidade de seus textos doutrinários fez com que em
1946 o Papa Pio XII o declarasse doutor da Igreja.
São João Batista
É muitas vezes confundido com João evangelista.
João Batista era filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, prima de Maria, mãe
de Jesus. Anunciou o nascimento do prometido Messias, Jesus Cristo, “preparando
os caminhos do Senhor”. Ele batizou muitos judeus, incluindo Jesus, no rio
Jordão. Além do próprio Jesus e de Nossa Senhora, é o único santo do qual a
Igreja celebra o
nascimento.
São Pedro
Conhecido como o santo que tem as chaves do céu.
Segundo as sagradas Escrituras, Jesus confiou “as chaves do céu” a Pedro, ou
seja, foi dada a este Santo, a autoridade de pastorear a Igreja, interligando-a
ao céu. Seu sucessor é o Papa.
Em artigo publicado nesta semana, o Arcebispo de
Porto Alegre (RS), Dom Jaime Spengler, abordou também o tema das origens das
festas e chamou a atenção para esses aspectos. O prelado assinala os sinais de
fé que se podem observar nessas comemorações, principalmente tendo-se em vista
os santos comemorados.
“A religiosidade popular que se expressa de forma
tão humana e bela, tão simples e rica nas festas juninas pode ser expressão de
um desejo latente profundo na alma de nossa gente que busca um mundo melhor,
marcado por paz, fraternidade e justiça, e por isso não cansa de lutar para
superar todo tipo de dificuldades (Santo Antônio); empenha-se por cooperar na
preparação de caminhos em vista de um mundo um pouco melhor para as novas
gerações (São João); e deseja um fundamento firme sobre o qual possa construir
um futuro promissor, a partir de um projeto claro de nação (São Pedro)”.
Fonte: ACI Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário