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domingo, 1 de novembro de 2015

PODE CRER: Os cristãos da Idade Média acreditavam que a terra é plana?


Não. Jeffrey B. Russell, professor emérito de História da Universidade da Califórnia Santa Barbara, constata em seu livro Inventing the Flat Earth (ISBN 978-0275959043, leia um resumo escrito pelo autor) que desde o século III a.C., no Ocidente, nenhuma pessoa instruída acreditou numa terra plana, com raras exceções.

Uma terra redonda aparece pelo menos a partir do sexto século a.C. com Pitágoras. Embora houvesse algumas dissensões, a esfericidade da terra foi geralmente aceita por gregos e romanos instruídos. O cristianismo nada mudou nisto. No máximo, cinco pais da Igreja negaram a esfericidade da terra por tomarem passagens bíblicas como Salmo 104:2-3 equivocadamente como assertivas geográficas ao invés de indicações metafóricas. Mas a vasta maioria dos teólogos cristãos, poetas, artistas, e cientistas sempre consideraram a terra esférica. Historiadores da ciência têm insistido neste ponto há décadas, sem conseguir erradicar o falso ensino de que os cristãos da Idade Média acreditavam que a terra é plana.

Onde surgiu este falso ensino? Russell aponta Antoine-Jean Letronne (1787-1848) como um dos autores. Letronne foi um intelectual com fortes preconceitos antirreligiosos que num texto de 1834 descreveu os pais de Igreja e seus sucessores medievais como acreditando em uma terra plana. Na mesma época, Washington Irving (1783-1859), conhecido por incluir erros em narrativas das histórias de Nova Iorque e de Washington, criou a cena do jovem Colombo em Salamanca diante de um conselho de inquisidores e teólogos encapuzados convictos de que a terra é plana. Houve de fato uma reunião em 1491 em Salamanca, mas o relato de Irving é, como cita Russell, "balela... Washington Irving, pressentindo sua oportunidade para uma cena pitoresca e comovente", criou um "conselho universitário inexistente" e "permitiu que sua imaginação divagasse... toda a estória é uma besteira enganadora e perniciosa".

O erro enraizou-se graças ao historiador John Draper (1811-1882) e vários de seus seguidores, tais como Andrew D. White (1832-1918), presidente da Cornell University, que asseguraram a propagação do mito em textos, enciclopédias e até mesmo em trabalhos científicos sérios até a data de hoje. O erro consta também de textos em português, como por exemplo da "Introdução" dos Diários da descoberta da América, Porto Alegre: L&PM Editores, 1998 (ISBN 8525409383).

Felizmente, vários textos importantes apresentam a versão correta dos fatos. Entre eles, Russell enumera The New Encyclopaedia Britannica (1985), Colliers Encyclopaedia (1984), The Encyclopedia Americana (1987) e The World Book for Children (1989).




Fonte: Fé e Ciência
Imagem Google

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