Cidade
do Vaticano (RV) – Proteger-se da mundanidade que nos “leva a uma
vida dupla”. Esta é a advertência que o Papa Francisco fez na Missa matutina na
Casa Santa Marta esta terça-feira (17/11). O Pontífice reiterou que, para
preservar a identidade cristã, é preciso ser coerente e evitar as tentações de
uma vida mundana:
O velho Eleazar “não se deixa enfraquecer pelo
espírito da mundanidade” e prefere morrer a se render à apostasia do
“pensamento único”. O Papa se inspirou na primeira Leitura, extraída do Segundo
Livro dos Macabeus, para novamente advertir os cristãos das tentações da vida
mundana. Eleazar, já com 90 a anos, não aceitou comer carne suína como lhe
pediam seus “amigos mundanos”, preocupados em salvar-lhe a vida. Ele, observou
Francisco, mantém a sua dignidade “com aquela nobreza” que “provinha de uma
vida coerente, vai ao martírio, e testemunha”.
A mundanidade nos afasta da coerência da vida cristã
“A mundanidade espiritual nos afasta da coerência
de vida, nos faz incoerentes”, uma pessoa "finge ser de certa maneira, mas
vive de outra”. E a mundanidade, acrescentou, “é difícil conhecê-la desde o
início, porque é como a traça que lentamente destrói, degrada o tecido e depois
aquele tecido” se torna inutilizável e “aquele homem que se deixa levar pela
mundanidade perde a identidade cristã”:
“A traça da mundanidade destruiu a sua identidade
cristã, é incapaz de coerência. ‘Oh, eu sou tão católico, padre, vou à missa
todos os domingos, sou tão católico’. E depois vai trabalhar, exercer a sua
profissão: ‘Mas se comprar isto, fazemos esta propina e fica com ela’. Isso não
é coerência de vida, isso é mundanidade, para dar um exemplo. A mundanidade
leva a uma vida dupla, aquela que aparece e aquela que realmente é, e afasta de
Deus e destrói a identidade cristã”.
Tentações mundanas
Por isso, prosseguiu, Jesus é “tão forte” quando
pede que o Pai salve os discípulos do espírito mundano, “que destrói a
identidade cristã”. Um exemplo de baluarte contra este espírito é o próprio
Eleazar que pensa aos jovens, os quais, se tivessem cedido ao espírito mundano,
teriam se perdido por sua culpa:
“O espírito cristão, a identidade cristã, não é
nunca egoísta, procura sempre proteger com a própria coerência, proteger,
evitar o escândalo, cuidar dos outros, dar um bom exemplo. ‘Mas não é fácil,
padre, viver neste mundo, onde as tentações são tantas, e a maquiagem da vida
dupla nos atenta todos os dias, não é fácil’. Para nós, não só não é fácil, é
impossível. Somente Ele é capaz de realizá-lo. E por isso rezamos no Salmo: ‘O
Senhor me sustenta’. O nosso sustento contra a mundanidade que destrói a nossa
identidade cristã, que nos leva à vida dupla, é o Senhor”.
Coragem
É o único que pode nos salvar, disse ainda, e a
nossa humilde oração será: “Senhor, sou pecador, na verdade, todos somos, mas
peço o seu sustento, me dê seu sustento para que de um lado eu não finja ser cristão
e de outro viva como um pagão, como um mundano”:
“Se vocês tiverem um tempo hoje, peguem a Bíblia, o
segundo livro dos Macabeus, sexto capítulo, e leiam esta história de Eleazar.
Fará bem, dará coragem para ser exemplo a todos e também dará força e sustento
para levar adiante a identidade cristã, sem comprometimentos, sem vida dupla”.
Fonte e imagem: News.va"C
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