Não goste, ame! Pois somente o AMOR é capaz de construir o mundo. (Antonio Luiz Macêdo)..

terça-feira, 12 de julho de 2016

A Foto do Fato: O agir cristão na transformação social


A cidadania é um imperativo que deve continuar a mover os discípulos e discípulas de hoje.

Discípulos e discípulas devem buscar a transformação social na promoção do bem comum. 

A Primeira Carta de Pedro traz um aceno importante sobre a vida cristã: a perspectiva de que a cidadania dos cristãos e cristãs se dá, de fato, na pátria celeste, da qual somos herdeiros por participarmos da vida filial de Jesus, o Herdeiro. Como forasteiros no mundo, os cristãos e cristãs são chamados a dar testemunho de sua verdadeira cidadania, agindo de modo diferente daqueles que são próprios deste mundo. O imperativo ético, então, faz-se notar:

Caríssimos, eu vos exorto como a migrantes e forasteiros: afastai-vos das paixões carnais, que fazem guerra a vós mesmos. Tende bom procedimento no meio dos pagãos. Deste modo, mesmo que vos caluniem como se fôsseis malfeitores, poderão observar a vossa boa atuação e glorificarão a Deus no dia do julgamento. Subordinai-vos a toda autoridade humana por amor ao Senhor, quer ao rei, como soberano, quer aos governadores, que por ordem dele castigam os malfeitores e premiam os que fazem o bem. Pois a vontade de Deus é precisamente esta: que, fazendo o bem, caleis a ignorância dos insensatos. Conduzi-vos como pessoas livres, mas sem usar a liberdade como pretexto para o mal. Pelo contrário, sede servos de Deus. Honrai a todos: aos irmãos, amai; a Deus, tende temor; ao rei, honrai. (1Pd 2,11-17).

Esse modo de agir cristão configurou o proceder dos depois-de-Jesus, junto às sociedades nas quais estavam inseridos. Na consciência de que o Reino de Deus estava para além da história, não descuidavam de que é na história que esse Reino se desponta, tal como aprenderam e experimentaram em Jesus. Ainda que a esperança os levassem para fora do limiar da historicidade, era na história que exerciam seu ministério de anunciadores do Reino de Deus, sendo verdadeiras testemunhas da fé que professavam, como cidadãos e cidadãs primorosos.

A historiografia confirma essa realidade. De grande valor literário e histórico, há uma carta escrita por Plínio, o Jovem, governador da Bitínia, sob o Império de Trajano, no século II da era cristã. Na epístola, o governador consulta o imperador a respeito das ordens de perseguição aos cristãos. Relatando seus procedimentos, o jovem governador manifesta ao Imperador o bom agir dos cristãos, frente às leis do Império, com exceção à negação à fé no Cristo, com o culto ao imperador: “Foram unânimes em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determinados dias, costumavam comer antes da alvorada e rezar responsivamente hinos a Cristo, como a um deus; obrigavam-se por juramento não a algum crime, mas à abstenção de roubos, rapinas, adultérios, perjúrios e sonegação de depósitos reclamados pelos donos. Concluído este rito, costumavam distribuir e comer seu alimento. Este, aliás, era um alimento comum e inofensivo”.

A responsabilidade cidadã faz parte do agir cristão, desde a aurora desse movimento dos seguidores e seguidoras de Jesus Cristo, o Ressuscitado. A cidadania é um imperativo que deve continuar a mover os discípulos e discípulas de hoje: transformando a sociedade, na promoção da justiça e do bem comum. É o que nos ajuda a refletir, o artigo Cristianismo e Cidadania, do cientista social e coordenador de políticas sociais, junto à Arquidiocese de Belo Horizonte, Frederico Santana Rick.

Para que nos compreendamos, na relação com a sociedade na qual estamos inseridos, é preciso sempre voltar às inspirações evangélicas, buscando perceber os sinais de nosso tempo, criticamente. A partir da ação de Jesus no mundo, como revelação de Deus e manifestação de uma humanidade verdadeiramente humanizada, nasce o compromisso cristão de uma cultura cidadã, nascida de uma ética que tem como fonte o Evangelho. Aprofundando essa reflexão, o doutor em Teologia, pela FAJE, Carlos Cunha, apresenta-nos o artigo Ética cristã e cultura cidadã.

Como aspecto importante de nossa participação numa sociedade que busca a justiça social e alternativas que rompam com o sistema que oprime, exclui e mata, está a questão de pensarmos a economia, a partir da dimensão da solidariedade. Com o artigo Economia solidária: por quê?, a mestra em Teologia pela FAJE, a Ir. Ana Maria de Castro, propõe-nos um olhar para a economia a partir de um lugar gerador de vida, cidadania e dignidade da pessoa.

Felipe Magalhães Francisco
Fonte e imagem: Dom Total

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