Nesta terça-feira, 6 de Outubro, já no final do
dia, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, falou à Rádio Vaticano,
sobre o andamento dos trabalhos da XIV Assembleia Sinodal subordinada ao tema:
“A vocação e a missão da Família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Uma
síntese sobre os primeiros momentos do Sínodo na reportagem de Rui Saraiva:
RS: Senhor D. Manuel, que síntese podemos fazer dos
primeiros momentos deste Sínodo sobre a Família:
D. Manuel Clemente: Uma grande afinidade com o que
o Santo Padre tem dito já desde a vigília no sábado passado na Praça de S.
Pedro e depois na Missa de domingo e agora ainda esta manhã, terça-feira), no
início dos trabalhos, no sentido de que não está, de modo nenhum, em causa a
doutrina e a tradição cristã sobre a família, Antes pelo contrário, está a
reavivá-la a compreendê-la melhor, apresentá-la a todos, porque com a
compreensão que devemos ter com as mais diversas situações que existam, nós
temos que corresponder a essas situações da maneira em que nós acreditamos que
o próprio Deus correspondeu na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo.
Portanto, trata-se de radicar, cada vez mais, a nossa proposta sobre a família,
contando muitíssimo com a experiência das famílias cristãs, dando essa mesma
resposta às problemáticas que se põem. Tudo vai no sentido do reforço do papel
da família nas comunidades cristãs, na preparação, no cuidado e no
acompanhamento da parte de todos da comunidade e dos padres.”
RS: Esta manhã (terça-feira), a intervenção do Papa
Francisco, uma espécie de ponto de ordem, foi importante para que algumas das
intervenções e daquilo que é dito por fora do Sínodo não perturbe o trabalho
dos padres sinodais?
D. Manuel Clemente: Foi importante e o Papa
acentuou esse aspeto: ele disse-nos que “a doutrina não está em causa e eu sou
o primeiro garante dela”. Mas, o que nós percebemos é que há o nosso trabalho
aqui e depois também há os media e as suas prioridades e as suas perspetivas
que não coincidem. Mas, nós estamos aqui para fazer o nosso Sínodo e não o
Sínodo dos media.
RS: Os círculos menores começaram já com um ritmo
elevado de trabalho?
D. Manuel Clemente: “Muito bom, porque em relação
aos outros sínodos nós temos mais trabalho nos círculos menores. E é bom que
aconteça, porque passarmos dias seguidos em congregações gerais em que se
sucedem dezenas de intervenções, não é a melhor maneira de nós progredirmos na
reflexão. Porque ouvimos e, a certa altura, já não ouvimos! Assim, nos círculos
nós temos a possibilidade de falar, de intervir, são círculos de vinte pessoas,
em geral, padres sinodais, auditores, também leigos e casais que nos trazem a
sua própria experiência e tudo aquilo que está no documento de trabalho e que
aparece nas congregações gerais, depois é ali ‘trocado por miúdos’, na experiência
de cada um de nós, também com aquilo que traz dos seus grupos e das suas
dioceses e avança-se para que depois o texto final seja enriquecido com
contributos que nós damos e somos motivados para dar nesses círculos menores.”
RS: Portanto, podemos dizer que a abordagem que
vamos ter e aquilo que podemos já imaginar que possa sair deste Sínodo é,
sobretudo, uma abordagem pastoral?
D. Manuel Clemente: Pastoral e, se eu posso
adiantar, creio que as coisas vão nesse sentido, a começar por aquilo que o
Santo Padre nos tem dito, para reforçar a proposta da família cristã. Ou seja,
dar, por um lado, alento e depois também mais projeção aquilo que é a
experiência concreta de famílias que, com as dificuldades que todas as outras
famílias também têm, levam por diante a proposta de Jesus Cristo sobre a
família. E isso é um grande contributo que a Igreja pode dar ao mundo, e nós
bispos, como temos esta necessidade e competência para guardar a tradição da
Igreja, temos que estar ao lado dessa mesma tradição, precisamente, onde ela é
vivida, em grande parte nas famílias cristãs.”
Fonte e imagem: Rádio Vaticano


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