Um dia
fiz uma aposta com meus amigos. Que eu sobreviria a uma noite inteira de um
frio inverno, numa montanha próxima, rodeado de neve e gelo.
Levei
comigo um livro e uma vela e passei a noite sentado, exposto ao um frio que
nunca tinha experimentado. Pela manhã, mais morto do que vivo, cobrei o
pagamento da aposta. Eles não queriam pagar e começaram a me interpelar:
- Não
teve nada, nada mesmo, para se aquecer?
- Nada
- respondi cansado.
- Nem
mesmo uma vela? - continuaram.
- Sim,
levei uma vela.
-
Então, perdeu a aposta - gritou um deles.
Achei
melhor não discutir. Fui para casa descansar.
Alguns
meses depois, convidei os mesmos amigos para um banquete. Na sala de estar,
eles aguardavam que a refeição fosse servida. As horas se arrastavam e nada.
Meus
companheiros começaram a resmungar pela demora. Então resolvi convidá-los para
irem até a cozinha comigo. Fomos todos juntos à cozinha. Mostrei-lhes uma
enorme panela cheia de água e, bem embaixo dela, uma vela acesa. A água nem
estava morna.
Comentei
com indiferença:
- Ainda não está pronto.
Não sei por qual motivo, afinal, a vela está aí acesa desde ontem.
Lenda
Oriental de Nasrudin
Muraljoia
Leia as obras de Antonio Luiz Macêdo:
Conta-gotas Do Dia a Dia (no final da
página)
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