Este orago
se parece muito com o de Nossa Senhora do Bom Sucesso, pois sua imagem é
invocada, tanto para proteger os devotos no momento da morte,
proporcionando-lhes uma “boa hora”, como para pedir à Mãe de Deus proteção para
as mulheres grávidas, a fim de serem felizes em seus partos, tendo portanto uma
“boa hora” ao darem à luz seus filhos.
Existem
várias igrejas dedicadas a esta invocação no Nordeste do Brasil, sendo as mais
famosas as de Aracaju e Maruim, em Sergipe, cuja festa é muito popular e o
santuário de São Luís do Maranhão, fundado pelo ordenança Manuel de Azevedo,
que mandou fazer também uma bela imagem de madeira para colocar sobre o
altar-mor.
A respeito
do início deste culto no Brasil, Frei Agostinho de Santa Maria conta que
começou em Salvador. Havia em uma nau de mercadores, que fazia o trajeto entre
a Bahia e a cidade do Porto, uma efígie de Nossa Senhora, no nicho da popa. Em
uma viagem de volta a Portugal, devido a grande tormenta, o navio naufragou na
barra do Porto, despedaçando-se nos rochedos.
A imagem foi
dar à praia, rolando sobre as areias. Em uma “boa hora” saiu uma mulher em
direção à mesma praia a fim de buscar alguma lenha, que o mar costumava jogar
sobre a areia. Surpreendida, encontrou a estátua de Maria, que carregou como
pode e levou-a para a sua casa. Pensando no que faria com ela, resolveu
mandá-la para o Brasil, onde poderia vendê-la por um bom dinheiro. Conhecia na
Bahia um senhor natural do Porto, Manuel Gonçalves dos Reis, e a ele remeteu a
escultura para que a vendesse.
Ora, Manuel
dos Reis era muito amigo de um padre agostiniano, Frei Bernardo da Conceição,
que se interessou pela imagem, devido à sua semelhança com a Senhora da Boa
Hora venerada em seu convento em Lisboa e por isso deu-lhe este titulo.
A sagrada
efígie dos agostinianos descalços da capital portuguesa teve uma interessante
história, narrada pelo citado historiador mariano Frei Agostinho, que pertencia
àquele mosteiro. Dizia ele que o local fora anteriormente ocupado pelos padres
irlandeses, fugidos de seu país em conseqüência das perseguições contra os
católicos, em 1630, e depois pelos sacerdotes da Congregação do Oratório, de
São Filipe Neri. Quando os agostinianos ali se estabeleceram, como não possuíam
uma efígie de Maria para colocarem sobre o altar, recorreram aos devotos para
emprestarem alguma, até que pudessem mandar fazer uma nova. Um dos paroquianos,
Francisco Macrel, possuía uma bonita imagem em seu oratório c levou-a para a
igreja. Quando lhe perguntaram o nome, disse que era Nossa Senhora da Boa Hora.
Os padres acharam um bom presságio, julgando ser “boa hora” para a família
descalça, e assim deram esse título ao convento, Fizeram mais tarde uma
escultura nova e a velha foi colocada na sacristia, onde era muito venerada
pelas senhoras da nobreza, que a tomaram como madrinha de seus filhos e lhe
faziam novenas pedindo felizes sucessos em seus partos.
O título de
Nossa Senhora da Boa Hora despertou interesse por parte dos portugueses, que já
o conheciam em templos de sua terra natal, apesar da disputa com os devotos de
Cachoeira, que desejavam levar para sua vila a imagem encontrada na praia do
Porto, Frei Bernardo da Conceição conseguiu que seus amigos de Salvador
adquirissem a efígie, para que ela não saísse daquela cidade.
A devoção
divulgou-se tanto, que em 1689 foi constituída a irmandade, que festejava sua
padroeira no dia da Assunção, com grande festa. Provavelmente alguns membros
desta confraria levaram seu culto para o Maranhão e para Sergipe, onde Nossa
Senhora da Boa Hora é venerada não só pelas futuras mães, que desejam assegurar
a vida terrena de seus filhos, como por todos aqueles que imploram a proteção
da Virgem Maria para defendê¬-los em sua última hora, encaminhando-os à glória
de Deus.
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Leia as obras de Antonio Luiz Macêdo:
Conta-gotas Do Dia a Dia (no final da
página)
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