Cidade do Vaticano (RV) - Celebra-se no próximo
domingo, 13 de março, o terceiro aniversário da eleição de Jorge Mario
Bergoglio à Cátedra de Pedro. A nossa emissora entrevistou o Diretor
da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, que faz um balanço do
Pontificado, com atenção aos desafios que Francisco está enfrentando neste
momento.
Pe. Lombardi: “Tenho a
impressão de que a credibilidade do Papa cresce como mestre da Igreja e da
humanidade, numa perspectiva global, porque durante este ano o Papa tocou quase
todos os continentes. Está presente num horizonte global e trata com
credibilidade as questões da humanidade e da Igreja de hoje. Fala sobre os
temas da paz e da guerra que tocam realmente todos. Fala sobre os grandes temas
da sociedade atual no contexto da globalização, ‘a cultura do descarte’, a justiça
e a participação. Na Encíclica ‘Laudato si’ conseguiu dar uma visão global das
perguntas urgentes e cruciais da humanidade de hoje e da humanidade de amanhã.
Este é o aspecto que eu vejo, ou seja, que a humanidade olha ao Papa
Francisco como uma pessoa que ajuda a encontrar a orientação, a encontrar
mensagens de referência numa situação de grande incerteza. Um líder e
mestre crível que fazendo o seu serviço, de caráter especificamente
religioso e moral, dá uma ajuda eficaz. É ouvido pelos potentes da terra. Para
ele, os potentes e pobres são igualmente importantes e necessários para olhar
ao caminho da humanidade rumo ao amanhã.”
A misericórdia é o coração deste terceiro ano de
Pontificado ou talvez de todo o ministério petrino de Francisco. Quais são os
traços marcantes que o Papa está dando a este Jubileu?
Pe. Lombardi:
“Efetivamente, acredito que este tema do anúncio do amor de Deus nesta palavra
específica da misericórdia, este anúncio da presença e proximidade do amor de
Deus seja a característica da mensagem e do serviço que o Papa Francisco dá à
humanidade. Isto desde o início de seu Pontificado. Ele encontrou esta forma,
vamos dizer, nova e original de um Jubileu que é um Jubileu espalhado pelo
mundo. Não é um jubileu centralizado: Roma é como o coração natural do caminho
da Igreja, mas a misericórdia de Deus pode ser encontrada passando pelas portas
que se encontram em todos os lugares do mundo. As obras de misericórdia
corporais e espirituais dão também concretude a esta atenção aos pobres, às periferias,
às pessoas descartadas e objeto de marginalização aos quais o Papa sempre
dedicou a sua atenção porque estão no coração de Cristo e do Evangelho. Com
este Jubileu, estamos no coração espiritual deste Pontificado que é o
Pontificado de uma espiritualidade que encarna, porque se traduz imediatamente
em obras de caridade.”
No Angelus de 8 de novembro passado, Francisco
disse que “Vatileaks 2” não tira a sua atenção do trabalho de reforma que
prossegue com confiança. Por que para o Papa a reforma é tão importante?
Pe. Lombardi: “A reforma
é uma tarefa permanente na Igreja, ‘Ecclesia semper reformanda’, isso porque
ninguém pode pensar ser perfeitamente fiel ao Evangelho e suas exigências
profundas. O Papa, vindo de longe, dá uma perspectiva nova e tem uma grande
capacidade de ver todas as expectativas de renovação da Igreja e suas
estruturas de governo em função da missão universal, e ir ao encontro das
exigências da Igreja em várias partes do mundo. Esta é uma tarefa que o
Papa sabe que lhe foi confiada pelos cardeais quando o elegeram Pontífice.
Durante as congregações, antes do Conclave, disseram a ele e o Papa sabe disso,
e o faz com uma perspectiva espiritual muito característica e importante para entender
bem aquilo que faz; num clima de busca contínua de obediência ao Espírito Santo
que o leva a enfrentar os problemas com espírito de obediência ao Evangelho,
confiança, esperança e liberdade. Os Sínodos são característicos deste
comportamento e ter enfrentado um tema central como o da família nos Sínodos
mostra o desejo de ir com confiança e coragem ao coração das grandes questões
pastorais da vida cristã, encarnada no cotidiano, deixando-se interpelar pelos
problemas apresentados pelo tempo de hoje, mas sempre guiado pelo Evangelho.”
Também este ano, não obstante a grande
popularidade, não faltaram críticas ao Papa, inclusive de ambientes católicos.
Como o senhor explica isso?
Pe. Lombardi: “Explico
simplesmente com o fato de que o caminhar em terrenos novos, buscar responder a
questões que são colocadas com urgência por um mundo que está mudando, é algo
que naturalmente provoca preocupação, temor e incerteza. Caminha-se num campo
que, em muitos aspectos, é obscuro. Por isso, o mover-se com coragem, apoiando-se
na fé e na esperança, na convicção de que o Espírito Santo acompanha a Igreja
no colocar em prática a vontade de Deus no tempo novo, não é assim simples.
Nisso, o Papa certamente é um mestre que nos guia, com coragem e realidade. Ele
mesmo disse muitas vezes que ao colocar a Igreja a caminho ele não saiba com
clareza total qual seria o ponto de chegada ou qual o desígnio global que deve
ser alcançado. Não, ele sabe que se coloca a caminho, mas muitas vezes sem
saber exatamente para onde. Essa é também a condição de Abraão, a condição do
caminho na fé desde sempre.”
Dentre os vários momentos e imagens deste terceiro
aniversário de Pontificado existe um que o senhor recorda com emoção
particular?
Pe. Lombardi: “São
muitos. É um Pontificado tão infinitamente rico de gestos concretos e imagens
particulares que identificar um não sei, não sou capaz. Porém, existe uma
categoria de experiências e também de imagens e gestos que considero
característico: a atenção aos doentes, o abraçar os sofredores. O fato de que o
Papa saiba manifestar de maneira concreta e livre, e com gestos físicos a sua
proximidade é um sinal que deixa transparecer a proximidade de Deus. São
gestos que falam realmente a toda a humanidade e nos toca profundamente. Somos
imensamente gratos a ele.”
Fonyte e imagem: News.va
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