O Papa Francisco celebrou a santa missa na manhã
deste domingo de Páscoa, às 10,00 horas de Roma, na Paraça de S. Pedro repeleta
de fiéis e peregrinos provenientes das diversas partes do mundo para assistir a
esta celebração pascal e ouvir a mensagem e receber a bênção Urbi et Orbi do
Santo Padre. A mensagem Urbi et Orbi foi proferida pelo Papa, a partir da
varanda central da Basílica de S. Pedro, no fim da celebração eucarística, ás
12,00 horas de Roma.
Francisco iniciou por anunciar aos presentes que
<<Jesus Cristo, encarnação da misericórdia de Deus, por amor morreu na
cruz e por amor ressuscitou. Por isso, proclamamos hoje: Jesus é o Senhor! A
sua Ressurreição realizou plenamente a profecia do Salmo: a misericórdia de
Deus é eterna, o seu amor é para sempre, não morre jamais. Podemos confiar
completamente N’Ele, e damos-Lhe graças porque por nós Ele baixou até ao fundo
do abismo>>.
Diante dos abismos espirituais e morais da
humanidade, diante dos vazios que se abrem nos corações e que provocam ódio e
morte, prosseguiu o Papa, sómente uma infinita misericórdia nos pode dar a
salvação. Só Deus pode preencher com o seu amor esses vazios, esses abismos, e
evitar-nos de afundar, permitindo-nos de continuar caminhando juntos em direção
à Terra da liberdade e da vida.
O anúncio jubiloso da Páscoa: Jesus, o crucificado,
não está aqui, ressuscitou (cf. Mt 28,5-6) oferece-nos, por conseguinte, a
certeza consoladora de que o abismo da morte foi vencido e, com isso, foram
derrotados o luto, o pranto e a dor (cf. Ap 21,4). O Senhor, que sofreu o
abandono dos seus discípulos, o peso de uma condenação injusta e a vergonha de
uma morte infame, faz-nos agora compartilhar a sua vida imortal, e nos oferece
o seu olhar de ternura e compaixão para com os famintos e sedentos, com os
estrangeiros e prisioneiros, com os marginalizados e descartados, com as
vítimas de abuso e violência disse o Santo Padre, recordando que o nosso mundo
está cheio de pessoas que sofrem no corpo e no espírito, um mundo no qual
as crônicas diárias estão repletas de relatos de crimes brutais, que muitas
vezes acontecem dentro das paredes do nosso lar, e de conflitos armados a
grande escala submetendo populações inteiras a provas inimagináveis.
Eis que Cristo ressuscitado indica portanto,
ressaltou Francisco, caminhos de esperança para a querida Síria, um País
devastado por um longo conflito, com o seu cortejo triste de destruição, morte,
de desprezo pelo direito humanitário e desintegração da convivência civil.
<<Confiamos ao poder do Senhor
ressuscitado, disse, as conversações em curso, de modo que, com a boa vontade e
a cooperação de todos, seja possível colher os frutos da paz e dar início à
construção de uma sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de
cada cidadão. A mensagem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra rolada do
sepulcro, vença a dureza dos corações e promova um encontro fecundo entre povos
e culturas nas outras regiões da bacia do Mediterrâneo e do Oriente Médio,
particularmente no Iraque, Iêmen e na Líbia>>.
A imagem do homem novo, que resplandece no rosto de
Cristo, prosseguiu o Papa, favoreça a convivência entre israelianos e
palestinos na Terra Santa, bem como a disponibilidade paciente e o esforço
diário para trabalhar no sentido de construir as bases de uma paz justa e
duradoura através de uma negociação direta e sincera. O Senhor da vida acompanhe
também os esforços para alcançar uma solução definitiva para a guerra na
Ucrânia, inspirando e apoiando igualmente as iniciativas de ajuda humanitária,
entre as quais a libertação de pessoas detidas.
O Senhor Jesus, nossa paz (Ef 2,14), que ressuscitando
derrotou o mal e o pecado, possa favorecer, nesta festa da Páscoa, a nossa
proximidade com as vítimas do terrorismo, forma de violência cega e brutal que
continua a derramar sangue inocente em diversas partes do mundo, como aconteceu
nos ataques recentes na Bélgica, Turquia, Nigéria, Chade, Camarões e Costa do
Marfim; Possam frutificar os fermentos de esperança e as perspectivas de paz na
África; penso, acrescentou Francisco, de modo particular ao Burundi,
Moçambique, República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, marcados por
tensões políticas e sociais.
E Francisco recordou que com as armas do amor, Deus
derrotou o egoísmo e a morte; seu Filho Jesus é a porta da misericórdia aberta
de par em par para todos. E fez votos para que a sua mensagem pascal possa
resplandecer cada vez mais sobre o povo venezuelano nas difíceis condições em
que vive e sobre aqueles que detêm em suas mãos os destinos do País, para que
se possa trabalhar em vista do bem comum, buscando espaços de diálogo e
colaboração entre todos. Que por todos os lados possam ser tomadas medidas para
promover a cultura do encontro, a justiça e o respeito mútuo, únicos elementos
capazes de poder garantir o bem-estar espiritual e material dos cidadãos.
Mas também, o Cristo ressuscitado, anúncio de vida
para toda a humanidade, ressoa através dos séculos e nos convida não esquecer
dos homens e das mulheres em busca de um futuro melhor, grupos cada vez mais
númerosos de migrantes e refugiados – entre os quais muitas crianças - que
fogem da guerra, da fome, da pobreza e da injustiça social. Esses nossos irmãos
e irmãs, disse o Santo Padre, que nos seus caminhos encontram com
demasiada frequência a morte ou a recusa dos que poderiam oferecer-lhes
hospitalidade e ajuda. E Francisco fez votos para que a próxima Cimeira Mundial
sobre a Ajuda Humanitária não deixe de colocar no centro a pessoa humana com a
sua dignidade e possa desenvolver políticas capazes de ajudar e proteger as
vítimas de conflitos e de outras situações de emergência, especialmente os mais
vulneráveis e os que sofrem perseguição por motivos étnicos e religiosos.
Neste dia glorioso, o pensamento do Santo Padre se
estende também ao sofrimento da nossa Mãe Terra “ainda assim tão abusada e
vilipendiada mediante uma exploração ávida pelo lucro, que altera o equilíbrio
da natureza causando efeitos das mudanças climáticas, que muitas vezes causam
secas ou violentas inundações, resultando em crises alimentares em diferentes
partes do planeta”.
O pensamento de Francisco se estende ainda à todos
os “nossos irmãos e irmãs que são perseguidos por causa da sua fé e pela sua
lealdade a Cristo” para lhes dirigir ainda hoje as palavras de Cristo: «Não
tenhais medo! Eu venci o mundo!» (Jo 16,33). Hoje é o dia radiante desta
vitória disse o Papa.
Finalmente, o Santo Padre dirigiu uma palavra de
conforto e de esperança para “todos aqueles, disse, que nas nossas sociedades
perderam toda a esperança e alegria de viver, para os idosos oprimidos que na
solidão sentem esvanecer as forças, para os jovens aos quais parece não existir
o futuro, a todos eu dirijo mais uma vez as palavras do Ressuscitado: «Eis que
faço novas todas as coisas... a quem tiver sede, eu darei, de graça, da fonte
da água vivificante» (Ap 21,5-6). Esta mensagem consoladora de Jesus, concluiu
dizendo Francisco, possa ajudar cada um de nós a recomeçar com mais coragem,
para assim construir estradas de reconciliação com Deus e com os irmãos. Dessa
reconciliação com Deus e com os irmãos, ressaltou Francisco, temos hoje tanta
necessidade.
No fim, Francisco agradeceu à todos pela presença
festosa e a alegria que souberam trazer neste dia Santo. A todos pediu que
continuem a rezar por Ele.
Fonte e imagem: News.va
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