Em África, Continente com grandes potencialidades, desafios e contradições, viver a Páscoa significa esperar por uma sociedade respeitadora da dignidade humana, da paz e da reconciliação. São muitas as expectativas e aspirações dos africanos, muitas vezes atormentadas pela pobreza, guerras e terrorismo. Mas "não faltam os sinais evidentes da Ressurreição", disse ao colega Paolo Ondarza o Padre Giulio Albanesa, director das revistas das Pontifícias Obras Missionárias:
Estamos a falar de um Continente que tem infinitas potencialidades, sob o ponto de vista social, político e económico; mas eu diria que é sobretudo relevante o dado antropológico: no Continente africano existem mais de 800 povos que, de uma forma ou de outra, representam um extraordinário recurso. Certamente existe uma clara necessidade de participação do ponto de vista da democracia. Mas não só: há necessidade, antes de tudo e sobretudo, de afirmar o primado da pessoa humana sobre tudo o resto.
O que significa celebrar a Páscoa naqueles contextos marcados pela violência do terrorismo: pensemos, em particular, na Nigéria, Mali, Costa do Marfim, Burkina Faso; lugares em que - para citar o título do seu último livro - "Vítimas e agressores em nome de Deus" não faltam, são a realidade de todos os dias …
Significa perceber, compreender com o coração e a mente, que a vida humana é sempre sagrada aos olhos de Deus e deveria sê-lo também aos olhos dos homens! Infelizmente, este é um fenómeno que envolve claramente antes de tudo as minorias religiosas, mas tem também a ver - e é inútil esconde-lo - com quotas consistentes da sociedade civil, por exemplo pertencentes ao mundo islâmico. É o caso da Somália, mas também da Nigéria, onde estas organizações criminais, agrupadas sob a denominação do Boko Haram, atacam qualquer um que se opuser ao seu delírio. Para se poder virar página é necessário antes de tudo e sobretudo que sejam desmascaradas as cumplicidades relacionadas com o comércio das armas, os interesses económicos. Portanto, o desafio é certamente político, tem uma importância social e económica, mas é também cultural.
Páscoa quer dizer Ressurreição, e deve-se notar que não faltam sinais de renascimento: pensemos na República Centro-Africana, País visitado recentemente pelo Papa Francisco. Aqui, o Santo Padre abriu o Jubileu da Misericórdia que estamos a viver …
A visita do Papa Francisco produziu realmente um autêntico milagre: a partir daquele momento, inaugurou-se uma nova fase. Certamente ainda existem situações de conflito no País, sobretudo em algumas zonas periféricas, onde ainda continuam a existir grupos armados que saqueiam as aldeias; mas é também verdade que a visita do Papa Francisco fez com que se voltasse a dialogar, sobretudo também no contexto de um caminho inter-religioso. Neste País também foram celebradas as eleições: o caminho é ainda longo, mas existem todos os sinais de esperança para uma mudança.
Eleições que se realizaram recentemente também em vários outros Países africanos: podem ser vistas, de alguma forma, como sinais de esperança?
No Domingo de Ramos votou-se efectivamente em vários Países e não apenas para consultas políticas, mas também de referendos, como no caso do Senegal. Agora é claro que, por um lado, é evidente que as velhas oligarquias sentem dificuldade de se afastar, mas também é verdade que existem sinais de participação sem precedentes. Portanto, o caminho é longo, mas há mudanças que dão esperança, olhando para o futuro.
Spostiamo l’attenzione ad un altro contesto, quello europeo, che proprio in questi giorni vive la paura e l’acuirsi di un clima di tensione dovuto agli attentati di Bruxelles. Come vede quando sta accadendo?
Voltemos a nossa atenção para o contexto europeu, onde mesmo por estes dias se vive o medo e a escalada de um clima de tensão, devido aos atentados de Bruxelas. Como olha para o que está a acontecer?
O fenómeno do terrorismo é - por assim dizer – a nota característica do terceiro milénio e quem paga o preço mais alto é a gente pobre. Isto significa perceber, antes de tudo, que não estamos perante uma guerra de religião, mas estamos perante uma instrumentalização da religião para fins subversivos por parte de organizações criminais. Infelizmente, existem mandantes: organizações, incluindo agentes do Estado, que - de uma maneira ou de outra – alimentam o terrorismo. É lá onde a Comunidade internacional deve intervir! Pode ser derrotado se houver colaboração no concerto das Nações, sabendo que estamos perante uma guerra em pedaços - para usar a palavra do Papa Francisco - e isto requer uma maior coerência - por exemplo - nos controles, no que diz respeito sobretudo os fluxos de dinheiro, que hoje são muito fáceis de identificar. Para não falar do fornecimento de armas e munições que respondem mais uma vez - e é triste dizê-lo – aos ditames do interesse económico.
Fonte e imagem: Rádio vaticano
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