Muita paz
podíamos gozar, se não nos quiséssemos ocupar com os ditos e fatos alheios que
não pertencem ao nosso cuidado. Como pode ficar em paz por m uito tempo aquele
que se intromete em negócios alheios, que busca rela ções exteriores, que raras
vezes e mal se recolhe interiormente?
Bem-aventurados os simples, porque hão de ter muita paz! Por que muitos santos
foram tão perfeitos e contemplativos? É que eles procuraram mortificar-se
inteiramente em 2todos os desejos terrenos, e
assim puderam, no íntimo de seu coração, unir-se a Deus e atender livremente a
si mesmos. Nós, porém, nos ocupamos demasiadamente das próprias paixões e
cuidados com excesso das coisas transitórias. Raro é vencermos sequer um vício perfeitamente;
não nos infla mamos no desejo de progredir cada dia; daí a frieza e tibieza em
que ficamos.
Fonte: Imitação de Cristo
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