Ariccia (RV) – Segundo dia de exercícios espirituais para o
Papa e a Cúria Romana. O retiro quaresmal teve início na tarde de domingo
(06/03), na Casa do Divino Mestre de Ariccia. Este ano, as meditações são
guiadas pelo sacerdote Ermes Ronchi, da Ordem dos Servos de Maria.
Cerca de sessenta membros da Cúria Romana, entre
responsáveis de dicastérios, bispos e cardeais, estão refletindo sobre as
“Perguntas abertas do Evangelho”, eixo central das meditações. A primeira
pergunta foi extraída do Evangelho de João “Jesus voltou-se para trás e, vendo
que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?” (Jo, 1, 38)
"A proposta para esses dias juntos – disse o
padre servita - é deter-nos à escuta de um Deus de perguntas: não mais
interrogar o Senhor, mas deixar-se interrogar por Ele. E ao invés de correr
logo em busca da resposta, parar para viver bem as perguntas, as abertas
perguntas do Evangelho. Amar as perguntas, estas já são revelação".
"As perguntas são (...) o outro nome da conversão", afirmou.
Mais questionamentos, menos afirmações
"Jesus – disse padre Ronchi – educa à fé mais
por meio de questionamentos do que de afirmações". Os quatro evangelhos –
prosseguiu – trazem mais de 220 perguntas do Senhor: “A pergunta é a
comunicação não violenta, que não emudece o outro, mas propõe o diálogo, o
envolve e, ao mesmo tempo, o deixa livre. O próprio Jesus é uma interrogação. A
sua vida e a sua morte nos interpelam sobre o sentido último das coisas, nos
interrogam sobre aquilo que faz feliz a vida. E a resposta ainda é Ele”.
Padre Ronchi prosseguiu recordando que Jesus não
nos pede renúncias ou sacrifícios, mas pede em primeiro lugar para entrar em
nosso coração, para compreender aquilo que mais desejo, aquilo que me faz
feliz. Buscar a felicidade é buscar Deus e “a paixão por Deus nasce da
descoberta da beleza de Cristo. Deus me atrai não porque é onipotente, não me
seduz porque é eterno ou perfeito”, mas “me seduz com a face e a história de
Cristo, o homem da vida bela e beata, amor e livre como ninguém. Ele é a boa
nova que diz: é possível viver melhor, para todos. E o Evangelho possui a chave
para isso”.
O nome de Deus é alegria
A fé é buscar “um Deus sensível ao coração, que faz
feliz o coração, cujo nome é alegria, liberdade e plenitude. Deus é belo. Cabe
a nós anunciar um Deus belo, desejável e interessante”. Talvez – acrescentou -
“tenhamos empobrecido a face de Deus, às vezes o reduzimos em miséria, relegado
a revistar no passado e no pecado do homem. Talvez um Deus que se venera e se
adora, mas não aquele envolvido e envolvente, que ri e brinca com os seus
filhos”.
Deus pode morrer de tédio em nossas igrejas
“Todo homem – concluiu Padre Ermes Ronchi – busca
um Deus envolvente. Deus pode morrer de tédio nas nossas igrejas. É preciso
restituir sua face solar, um Deus a ser saboreado, desejável. Será como beber
nas fontes da luz, na beira do infinito. O que buscam? Por quem vocês caminham?
Busco um Deus desejável, caminho por alguém que faz feliz o coração”.
Fonte e imagem; News.va
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