Noivos,
aprendam a admirar-se para a construção do matrimônio sadio
Todos os filósofos afirmam que a grandeza do
pensamento tem início na capacidade que a pessoa possui de se deixar admirar e
contemplar.
A admiração não é uma atitude superficial, muito
pelo contrário, admirar é sinônimo de deter-se e observar lentamente aquilo que
nos chama à atenção. Na exortação Amoris Laetitia, Papa Francisco
escreve: “O primeiro nível do eros é a capacidade de se admirar”.
(A.L 150). O verdadeiro namoro tem o seu ponto de partida na admiração inicial,
sadia e pura de um olhar, de um sorriso e uma conversa.
Como
construir a admiração?
Na admiração, os namorados aprendem e crescem na
virtude da pureza. Muitos casais de namorados, após se conhecerem, já têm
necessidade de estar juntos todos os dias, de partilhar tudo juntos e viver
juntos. O namoro não pode ser superado como se fosse um tempo de possessão ou
domínio. O tempo de namoro parte da primeira admiração, vai crescendo e gerando
nos namorados a alegria de se conhecerem aos poucos.
Percebe-se, na nossa sociedade, que os namorados já
estão vinculados “oficialmente” por uma espécie de pacto ou por assim chamar de
oficial relacionamento que, no meio da família e dos amigos, é já aceito.
Namorados passam férias juntos, fins de semana e
muito tempo juntos. Um namoro sadio e responsável nasce num tempo oportuno,
prudente e discreto. Quando os namorados estabelecem uma relação nesse nível,
perdem a capacidade de se admirarem, dando maior oportunidade para as brigas
insignificantes que deterioram o relacionamento.
Sou ciente de que hoje podemos entrar em contato
com as pessoas superando as distâncias, o tempo e até o espaço. Mas, no namoro,
é vital a serenidade e a consciência de saber que esse período de
relacionamento não possui em si mesmo nenhum compromisso definitivo; muito pelo
contrário, é um tempo que passa na jovialidade da juventude.
Os namorados, muito mais do que admirar as
qualidades ou a beleza física de cada um, devem admirar o conteúdo das suas
conversas, dos assuntos que juntos partilham, das conquistas que realizam a
nível acadêmico e familiar, especialmente preparando um projeto de vida que
vislumbre o futuro. Quando o namoro é vivido na serenidade e na consciência
sadia de que um não depende do outro, a admiração se torna um caminho viável
para, talvez, chegar a um tempo de noivado e, sem dúvida, um futuro matrimônio.
O tempo de
namoro
Quando deve começar o namoro? Quando nasce a
admiração e essa passa pela confirmação dos membros da família. Namorar às
escondidas, namorar virtualmente não constitui um passo suficientemente
frutuoso. O namoro deve ser experimentado no encontro aberto e reconhecido por
aqueles que “cuidam” dos namorados. Cuidar não é sinônimo de vigiar, controlar
e decidir no lugar do filho ou da filha. Cuidar significa promover a descoberta
de uma nova experiência na vida, que, se bem conduzida, vai trazer grandes
benefícios para o amadurecimento.
Deixemo-nos admirar, cada vez mais, pelas obras do
Senhor. Deus sempre nos admira. Permitamos que o tempo de namoro seja de
conquistas e realizações, que contribuam para que o caminho seja melhor
construído. Não acelerar nenhum tipo de relacionamento é o primeiro sinal de
uma vida construída sobre a Rocha, que é Cristo.
Viver o namoro na admiração sensata de, quem sabe
que um dia, tomar decisões definitivas é uma das maiores conquistas na vida
afetiva. Namorados, façam do namoro um tempo de admiração singela e doce,
permitam que a ternura floresça na sua relação com dom vivido e celebrado.
O tempo que o namoro durar será frutífero quando
cada um se admirar das esperanças do outro e das determinações que ele tomar;
até o dia em que já não serão mais decisões individuais, mas sim de casal.
Testemunhem, com sua juventude, que namorar é um tempo de graça vivido no
respeito e na virtude. Isso não é outra coisa senão admirar!
Abraço Fraterno.
Padre Rafael Solano
Fonte e imagem: Canção
Nova
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