É impossível
qualificar de benéfícos os efeitos da Reforma. Um de seus maus frutos foi a
série de guerras na França entre 1562 e 1589. Ali os protestantes, ou
huguenotes, como eram chamados, estavam em franca minoria, mas entre eles
contavam-se alguns dos membros mais hábeis e influentes das classes comercial e
financeira. Além disso, formavam um partido político envolvido em conspirações
contra os Católicos.
A
luta entre nações e seitas não foi o único tipo de barbarismo que a Revolta
instigou diretamente. É só lembrar a feroz intolerância
dos Calvinistas contra os Católicos, a horrível perseguição á feitiçaria,
Cientistas, Livres pensadores, queima de livros etc. Além da perseguição
movida aos homens do saber, a Reforma foi ainda, por outros motivos, um golpe
no progresso da cultura. O objetivo dos Reformadores Protestantes era
incentivar a confiança absoluta na fé e a crença na Bíblia como fonte ultima da
Religião e da verdade. Tanto Lutero como Melanchton
condenaram o sistema astronômico de Copérnico, alegando ser contrario às
Escrituras.
A
revolta dos Camponeses, de 1524-25, iniciou-se no sul da Alemanha e espalhou-se
rapidamente para o norte e para o ocidente até envolver quase todo o país. Esse
movimento caiu sob o domínio de fanáticos como Tomás Munzer, que pregava uma luta ferro e fogo contra a nobreza. Na
primavera de 1525, os camponeses desencaminhados começaram a saquear e a incendiar os mosteiros e castelos,
assassinando seus adversários. Os nobres voltaram-se contra o movimento
contra-atacando e matando até os que resistiam. Por incrível que pareça, os
senhores eram encorajados nessa selvageria por vários
Reformadores, inclusive o próprio Lutero.
Num panfleto intitulado contra as hordas ladras e assassinas dos camponeses
incitava ele quantos pudessem a perseguir os rebeldes como cães raivosos.
Em
1534, um grupo de Anabatistas apoderou-se da cidade episcopal de Munster, na
Vestfália, e Munster se tornou uma Nova Jerusalém onde foram postas em praticas
todas as fantasias acumuladas do setor lunático do movimento. As propriedades
dos não crentes foram confiscadas e introduziu-se a
Poligamia. Um certo João de Leyden assumiu o titulo de rei,
proclamando-se sucessor de Davi com a missão de conquistar o mundo e exterminar
os pagãos. Difundiram-se idéias novas entre os Anabatistas; falou-se de “revolução
pacifica” e isso foi a espera passiva da segunda vinda de Cristo. Mas, em
determinadas seitas, essas idéias associaram-se a apelos a atos de violência
que deveriam purificar os mundos dos “infiéis” antes da chegada do
Messias. Os pregadores decretavam diversas datas
nas quais devia começar o milênio. Melchior Hofman, que pregava em Estrasburgo,
anunciou que o reino de Deus seria instaurado em 1553.
Sobre
o governo de Calvino na Suíça, Genebra transformou-se numa oligarquia
religiosa. A autoridade suprema era exercida pela congregação do clero
Calvinista que preparava todas as leis e as submetia à aprovação do
Consistório. A cidade foi dividida em distritos e uma comissão do Consistório
visitava casa por casa, a intervalos irregulares, a fim de investigar os
hábitos dos moradores. Até as formas mais inofensivas de frivolidade humana era
estreitamente proibidas, Dançar, jogar cartas, ir ao teatro, trabalhar ou
divertir-se no dia do Senhor, tudo isso era punido como crime.
Durante os quatros primeiros anos de governo Calvinista houve nada menos
de cinqüenta e oito execuções numa população dede 16.000 habitantes. Segundo
Preserved Smith, houve mais casos de vícios em Genebra depois da Reforma do que
antes. A teologia de Calvino afirmava que Deus em sua alta sabedoria
predestinou alguns homens à salvação e condenou o resto da humanidade aos
tormentos do inferno. Calvino concebeu Deus como um poderoso legislador que
houvesse transmitido, nas Escrituras, um conjunto de regras que deviam ser
obedecidas ao pé da letra. A fé Calvinista estava mais próxima do velho
Testamento e também associada aos ideais do novo Capitalismo.
Na
Escócia, estalou uma revolta em 1557, que dois anos depois, se havia alastrado
por todo o País. A chefia da revolta não tardou a cair nas mãos de um vigoroso
e obstinado pregador chamado João Knox, que fora discípulo de Calvino em
Genebra. Knox eliminou todos os vestígios de Catolicismo na Escócia e fundou
uma Igreja Presbiteriana de base Calvinista radical. Em 1560, o Prebiterianismo
foi proclamado religião do povo Escocês.
As
traduções da Bíblia em diversos países permitiram inaugurar a critica
cientifica dos cânones Cristãos; um número muito maior de fieis já podia
compreender o Evangelho. Mas ao mesmo tempo, surgiram novas interpretações,
vieram as duvidas. Só na Alemanha, uma vintena de traduções foram publicadas
antes da de Lutero. Nas fronteiras do Luteranismo e freqüentemente contra ele,
desenvolviam-se movimentos violentos. Exemplo disso foram os Anabatistas, que
para eles não se tratava apenas de negar
o valor do Batismo dado às crianças, eles pretendiam alcançar uma
sociedade comunista, liberta dos padres e dos príncipes.
Quando
morre Calvino, o mapa religioso da Europa parecia um espelho quebrado,
deformando a imagem da Igreja. O Imperador cansado de guerras reconhece que os
súditos deveriam acatar à religião de acordo com cada região Alemã. O resultado
mais flagrante da Reforma foi a divisão da Cristandade Ocidental numa multidão
de seitas hostis; já não havia, como na idade Média, um único rebanho e um
único pastor para toda a Europa Latina e Teutônica.
Jaime
Francisco de Moura
Fonte: Respostas Católicas
Imagem Google
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