Longinus
observa de longe. A cena é terrificante. Com as pernas quebradas o corpo
arqueia e cai para frente. E cessando definitivamente o processo respiratório,
o condenado morre por uma asfixia lancinante. Foi este o destino de Dimas e
Gestas. Quando os soldados se aproximaram do terceiro crucificado, Jesus de
Nazaré, verificando que já estava morto, seguiram adiante. No entanto, Longinus
permanecia no seu posto, imóvel, olhos fixados no homem da Cruz. Alguma coisa
tocara o seu coração de soldado romano. Essa imobilidade poderia ser melhor
traduzida por uma inquietação interior, algo que nunca houvera sentido antes.
Será que foram as suas palavras? Ou a sua atitude de amor e entrega total? Ou
ainda aquela verdade que nem mesmo tinha consciência de tê-la proferido: “Realmente este homem era o Filho de Deus”
(Lc 23,47)? Mas de repente, num impulso instantâneo e instintivo, “tomou a lança e abriu-lhe o lado, e
imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,34). O coração de Jesus havia sido
traspassado pelos nossos pecados.
Quase
mil e duzentos anos após sua crucifixão, Jesus nos deixa mais uma vez um sinal
do seu amor e da sua misericórdia para com cada um de nós. O milagre de
Lanciano é prova irrefutável desse amor.
O
sacerdote é um homem como outro qualquer, passível de erros, falhas e
limitações. Uma coisa apenas o distingue dos outros homens: a escolha de Deus.
Deus o escolhe do meio do povo e o chama para exercer o ministério sacerdotal.
E
pelas suas mãos consagradas, a bênção e o perdão divinos chegam até nós, bem
como o corpo e o sangue do Senhor. E o que dizer quando a crise de fé se apossa
do coração desse homem?
Em
Lanciano, na igreja de São Longinus, havia um desses sacerdotes. Sempre que
celebrava a Eucaristia, deparava-se com uma dúvida atroz que o atormentava
sobremaneira: “Será que Jesus está
realmente presente sob estas formas do pão e do vinho após a consagração? Será
que o pão se transubstancia na sua carne e o vinho no seu sangue?” Era
sempre assim. Aquele conflito interior dilacerava o seu coração. O que ele
talvez nem imaginasse, é que Jesus estivesse preparando o mais belo presente para
dizimar todas as suas dúvidas, todas as suas inquietações.
Numa
das missas, quando depõe a hóstia consagrada sobre a patena, sob os seus olhos
estupefatos ela se transforma em um pedaço de carne. Em seguida, ao colocar o
cálice sobre o corporal, observa que não contém mais vinho, mas cinco pedaços
de sangue coagulado, de tamanhos diferentes. Sua fé havia sido renovada. Deus
não esquecera do seu escolhido e consagrado.
Expostas
à ação do tempo e das variedades climáticas por um período aproximado de
oitocentos anos, estas relíquias permanecem em perfeito estado de conservação
até os dias de hoje. E o mais extraordinário é que estudos científicos
altamente criteriosos comprovaram que o sangue é humano, do grupo AB e o fator
RhoD é positivo (AB+). A carne é humana, pertencente ao mesmo tipo de sangue e,
pasmem: é parte do miocárdio, é um pedaço do Coração Eucarístico de Jesus. O
coração traspassado pela lança de São Longinus na sexta-feira santa é o mesmo
coração que você recebe quando participa do Banquete da Vida. E o sangue que
fluiu copiosamente do lado de Jesus é o mesmo sangue que lava e purifica, e se
deposita no cálice sobre o altar.
Neste
mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, procuremos vivenciar com alegria o
mistério desse amor, o mistério desse coração apaixonado que morreu e
ressuscitou de amor e se deixou ficar no vinho e no pão.
Que
o Coração Eucarístico de Jesus se faça um com o nosso coração, para que,
plenificados pela sua Misericórdia e pela sua Graça, possamos Eucaristizar o
mundo.
SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS, tende compaixão de nós!
Antonio Luiz Macêdo
Imagem
Google
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