Conheça a
história de uma jovem que, desde criança, sofreu abusos sexuais
“Tudo
começou quando eu tinha cinco anos. Um amigo da família, pessoa sempre presente
na casa de minha avó, certo dia se aproximou de mim com carícias e toques.
Tentou, algumas vezes, forçar uma relação sexual, porém, como eu reclamava e
tentava fugir, ele não conseguiu, mas sempre me advertia que eu não poderia
contar a ninguém o que ele fazia.
À medida que eu crescia, percebia que havia algo
errado e tentava fugir, mas começaram as ameaças. Não houve agressão física,
mas violência psicológica e sexual. A pressão era muito grande, e com
frequência ele ameaçava: “Se você contar para alguém, mato sua avó”.
Na minha família, já havia um histórico de abuso
sexual, inclusive meu tio foi preso por estupro. Por causa disso, quando eu
tinha 13 anos, minha mãe me questionou se já havia acontecido comigo, pois, na
época, eu era muito próxima do meu tio. De fato, com ele não aconteceu nada.
Minha mãe, porém, pediu insistentemente que eu falasse a verdade, pois não iria
se chatear ou ficar brava. Então, com coragem, contei que o rapaz que
frequentava a casa da vovó, que também era amigo do meu tio, havia cometido os
abusos contra mim. Naquele momento, ela não soube muito bem como reagir, só me
disse para não contar ao meu pai e não frequentar a casa da minha avó quando o
rapaz estivesse lá.
A história
se repetiu
Não fui a única da família a sofrer abuso. Minhas
primas, tias e minha mãe passaram por isso. Os abusadores sempre foram pessoas
muito próximas; inclusive, não sofri apenas abuso do rapaz que frequentava a
casa da minha avó, mas do meu próprio avô e do meu primo. Isso gerou em mim um
trauma muito grande, e acabei me afastando do meu pai, com medo de que ele
também viesse a fazer isso.
Sofri abusos dos 5 aos 12 anos. A situação só teve
fim quando meu avô faleceu, pois o rapaz também parou de frequentar a casa da
minha avó.
Além dos traumas na minha afetividade e
sexualidade, percebo que a maior dificuldade enfrentada até hoje é no
relacionamento com minha mãe, pois não conversamos muito sobre isso e não
consigo entender o fato de ela nunca ter feito nada a respeito. Nunca procurou
ajuda.
Trago muitas marcas, lembranças ruins e mágoas!
Tantas vezes questionei por que Deus permitiu que isso acontecesse a uma
criança, mas ainda não encontrei a resposta para muitos dos questionamentos que
trago. Contudo, acredito que Deus tem um plano de amor para mim, e este deve ser
bem grande! Acredito que, um dia, terei as respostas de que preciso.
Olho para minha história e vejo o quanto ela
poderia ser apenas algo que deu errado, mas, com meu esforço e decisão, tendo
sempre Deus à frente de minha vida, tenho superado o passado e já consigo
conversar sobre isso sem chorar. Sei que a cura e a superação são um processo
diário. Hoje, com 21 anos de idade, trabalho, moro sozinha e sonho em me casar
e ser mãe. Tenho uma vida pela frente e quero conquistar muitas coisas.”
Jovem anônima
Fonte: Canção Nova
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