Cidade
do México (RV) – O Papa Francisco encontra-se em território
mexicano desde o início da noite desta sexta-feira, quando foi recebido no
Aeroporto Internacional Benito Juárez de Cidade do México pelo presidente do
país Enrique Peña Nieto e pela primeira-dama. Uma acolhida oficial mas informal
sem uma cerimônia protocolar nem discursos.
Antes da chegada do Papa, diante de uma multidão de
pessoas em arquibancadas construídas para o evento, grupos musicais mexicanos
narraram com suas músicas e vestidos típicos a história da tradição folclórica
do país. Espetáculo que se repetiu depois diante do Papa. Aos gritos a multidão
presente pediu a benção de Francisco que como pai amoroso concedeu. Uma
recepção digna da alegria do povo mexicano.
Depois a transferência para a sede da Nunciatura
Apostólica, onde será a residência de Francisco nos próximos dias.
Pelas ruas de Cidade do México Francisco recebeu o
amor e o carinho de tantas pessoas que desde o início da tarde se posicionaram
nas calçadas para, saudar e por um momento ver o “missionário da paz”, que vem
confirmá-los na fé. Entusiamos que se misturaram com os gritos de viva o Papa,
"bienvenido" Santo Padre. A cidade se transformou com a chegada do
Papa. Apesar de ruas fechadas em uma das cidades com o pior trânsito do mundo,
o povo estava feliz em ter em sua casa Papa Francisco.
Os mexicanos receberam o Papa com um abraço
luminoso. De fato, formaram a maior ‘corrente’ de smartphones iluminados da
história, um corredor de luzes do aeroporto da cidade até a Nunciatura
Apostólica. Quem não tinha celular usou pequenas lanternas. Foi o “muro de luzes
e de orações” de 19 km.
Os sinos da catedral de Cidade do México também
tocaram nesta sexta-feira em festa durante duas horas sem interrupção por 80
voluntários que se alternaram, anunciando a chegada de Francisco; entre os
sinos o mais famoso da cidade, chamado “Dona Maria”.
Na manhã deste sábado a cerimônia de boas-vindas no
Palácio Nacional, onde Francisco será recebido com honras de chefe de Estado.
Depois a visita de cortesia ao presidente e o encontro com as autoridades, a
sociedade civil e o corpo diplomático. Em seguida a transferência para a
catedral da cidade dedicada à Assunção de Nossa Senhora. Um edifício construído
com pedras vulcânicas. O lugar era ocupado por um templo dedicado à divindade
azteca Xipe. Hernán Cortés fez constuir uma igreja no lugar com o material
recuperado de antigos templos. Na Catedral o Papa Francisco manterá um encontro
com os bispos do México. Momentos antes o Santo Padre será recebido diante dos
portões da Catedral pelo chefe de governo do local que lhe entregará as Chaves
da Cidade. A Praça diante da Catedral, conhecida também como “Zócalo”, pode
acolher cerca de 80 mil pessoas.
Ainda neste sábado, no final da tarde o Papa vai
até a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, coração da religiosidade mexicana
onde celebrará a Santa Missa. Após a celebração um momento de oração em privado
no “Camarín”, lugar onde é conservada a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.
Os próximos dias a agenda nacional mexicana se
concentrará na visita do Papa Francisco e no impacto de sua mensagem ao povo
mexicano, mesmo sendo um estado leigo. As expectativas sobre os seus discursos
públicos certamente concentrarão a atenção de uma sociedade muito religiosa,
mas ao mesmo tempo muito secularizada, que partilha as interrogações feitas por
Francisco. Um líder religioso que se aproxima das preocupações das pessoas, que
adverte para uma “guerra mundial em pedaços” e denuncia os pecados da pobreza e
da corrupção.
A pergunta que todos fazem hoje aqui é: o que
Francisco vai dizer ao México? Como os mexicamos vão receber suas palavras.
O seu itinerário por lugares emblemáticos de males
nacionais é ao mesmo tempo um confronto com problemas que dizem respeito
diretamente ao povo e ao seu desânimo em relação à justiça, às instituições e à
própria convivência. As palavras de Francisco ajudarão como bálsamo para o
desânimo? Despertará novos impulsos em uma sociedade que procurar crescer em
todos os setores? A resposta dos mexicanos é sim.
Os lugares que Francisco irá tocar nos próximos
dias dizem respeito às grandes preocupações e esperanças dos mexicanos. O tema
central da visita “Missionário da misericódia e paz” gira em torno a perguntas
sobre como recuperar a paz em um país que vive – como destacou nos dias
passados a imprensa local – “o seu pedaço de guerra”. O questionamento da
violência, da corrupção, do tráfico de drogas, a migração.
A imprensa internacional descreve a viagem como uma
viagem difícil pois tocará lugares complicados. Estará em Ecatepec, onde poderá
ver face a face uma das áreas mais violentas do país e com o mais elevado
índice de feminicidios e mulheres desaparecidas. Ciudade Juárez onde a Corte
Internacional dos Direitos Humanos e emitiu sentenças contra o país por causa
das “mortes de Juárez”. Irá a Michocán que é uma das áreas mais “quentes” da
guerra contra o narcotráfico. Também visitará Chiapas que desde os anos 90
emergiu como referente da marginalização e exclusão da população indígena com a
insurreição “zapatista”. No norte do país, numa “missa binacional” poderá
apalpar a problemática da migração, de crimes e do tráfico de pessoas.
São lugares representativos dos fragmentos de
“guerra”, afirma a imprensa local.
Os mexicanos esperam muito desta visita de
Francisco, suas palavras e gestos. Certamente o “Papa latino-americano” não irá
depecioná-los.
Dos estúdios da Rádio Vaticano, Cidade do México,
Silvonei José.
Fonte e imagem: News.va
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