Considerar a importância da cultura na formação de
processos sociais, políticos, religiosos e cidadãos é determinante, pois o
conjunto de valores, princípios e hábitos constituem vetor que pode impulsionar
projetos, avanços e possibilidades de conquista. Isso significa que o
enfrentamento de crises depende dos elementos culturais que caracterizam grupos
diversos – sociais, religiosos entre outros. Assim, é fundamental investir na
cultura, desenvolver análises, avaliações e promover correções. Não basta, por
exemplo, alcançar o objetivo desafiador de melhorar índices da economia. Para
avançar, inclusive no campo econômico, é preciso considerar a força dos valores
culturais de um povo, com incidência forte e profunda nos diversos processos.
Nesse sentido, o Brasil e suas regiões precisam de
investimentos no tecido cultural. Não se pensa obviamente numa radical mudança,
como se diz popularmente, “da água para o vinho”. Porém, pela força da cultura,
grandes conquistas podem ser alcançadas. E entre as reformulações culturais
necessárias é preciso investir na renovação dos valores que regem o exercício
da política na sociedade brasileira. Os parâmetros que muitas vezes norteiam
esse âmbito da vida social são considerados equivocados, pois distorcem o
correto exercício da política, que é determinante para o bem comum, para o
desenvolvimento da sociedade.
Semelhante reflexão, quando aplicada a certas
práticas religiosas, também permite enxergar grandes fragilidades, que causam o
distanciamento do propósito nobre e edificador na confissão da fé. São
lamentáveis e preocupantes as permissividades irracionais na configuração normativa
que possibilita a abertura de algumas “igrejas”. Muitas se dizem comprometidas
com a prática religiosa, mas, na verdade, priorizam o atendimento de interesses
econômicos. Isso revela que o tecido cultural brasileiro produz facilidades ou
dificuldades que ferem frontalmente metas importantes e comprometem a seriedade
necessária para o desenvolvimento da sociedade.
Se, por um lado, qualificado tecido cultural produz
práticas, costumes e posturas cidadãs determinantes no progresso e equilíbrio
social, sustenta a nobreza no agir de grupos; por outro lado, um tecido
cultural corrompido é base para o nefasto costume de satisfazer-se e
aquietar-se com o que está situado nos parâmetros da mediocridade. Para
corrigir descompassos, oportuno é ouvir uma indicação preciosa do Papa
Francisco sobre a importância de se investir na cultura da solidariedade. Nesse
sentido, a solidariedade há de ser entendida como virtude moral e comportamento
social.
Para se alcançar ou promover a cultura da
solidariedade, é necessário o empenho pessoal de conversão. Consequentemente,
cada cidadão, instituição e segmento social precisa assumir, a partir de
conduta condizente com os valores dessa cultura, um papel formativo com força
de transformação. De modo especial, é importante que as condutas orientadas
pelos valores da solidariedade estejam presentes na família, onde primeiramente
são experimentados, ensinados e aprendidos os valores do amor e da
fraternidade. Eis, pois, um ambiente que deve reunir experiências e dinâmica
vivencial que eduquem e configurem um tecido qualificado. A instituição
familiar é imprescindível para promover e sustentar novos processos capazes de
definir os rumos da sociedade.
Uma nova dinâmica cultural requer a promoção da
solidariedade. O enfrentamento das crises pede que cidadãos comuns, agentes
culturais, meios de comunicação, famílias e outros segmentos se unam e
partilhem a consciência de que a direção fundamental a ser seguida é investir
na cultura da solidariedade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Fonte: Canção Nova
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