Neste I domingo da Quaresma (14/02) o Papa Francisco
presidiu à Santa Missa em Ecatepec, arredores da Cidade do México. Na homilia
Francisco começou por recordar a Quaresma, tempo litúrgico – disse – em que a
Igreja nos convida a preparar-nos para a Páscoa e tempo especial para lembrar o
dom do nosso Baptismo, e acrescentou:
“Este tempo de Quaresma é uma boa ocasião para
recuperar a alegria e a esperança que nos vem do facto de nos sentirmos filhos
amados do Pai. Este Pai que nos espera para livrar-nos das vestes do cansaço,
da apatia, da desconfiança e revestir-nos com a dignidade que só um verdadeiro
pai e uma verdadeira mãe sabem dar aos seus filhos, as vestes que nascem da
ternura e do amor”.
O nosso Pai é, na verdade, pai duma grande família
– prosseguiu o Papa - é Pai nosso, é um Deus que Se entende de família, de
fraternidade, de pão partido e partilhado - é o Deus do «Pai Nosso», não do
«pai meu e padrinho vosso» frisou Francisco, acrescentando que em cada um de
nós está inscrito e vive o sonho de sermos filhos de Deus.
Deste modo, destacou o Santo Padre, a Quaresma é
antes de tudo tempo de conversão, porque experimentamos na vida de cada dia que
tal sonho é continuamente ameaçado pelo diabo, que nos quer separar, gerando
uma sociedade dividida e conflituosa, uma sociedade de poucos e para poucos. E
observou:
“Quantas vezes experimentamos na nossa própria
carne ou na carne da nossa família, na dos nossos amigos ou vizinhos a amargura
que nasce de não sentir reconhecida esta dignidade que todos trazemos dentro.
Quantas vezes tivemos de chorar e arrepender-nos, porque nos demos conta de não
ter reconhecido tal dignidade nos outros. Quantas vezes – digo-o com tristeza –
permanecemos cegos e insensíveis perante a falta de reconhecimento da dignidade
própria e alheia”.
Mas a Quaresma é também tempo para abrir os olhos
para as injustiças que atentam directamente contra o sonho e o projecto de
Deus, disse ainda o Papa, tempo para desmascarar aquelas três grandes formas de
tentação que procuram arruinar a verdade a que fomos chamados: a riqueza, a
vaidade e o orgulho.
Sobre a tentação da riqueza disse Francisco:
“A riqueza, apropriando-nos de bens que foram dados
para todos, usando-os só para mim ou para «os meus». É conseguir o pão com o
suor alheio ou até com a vida alheia. Tal riqueza é pão que sabe a tristeza,
amargura e sofrimento. Numa família ou numa sociedade corrupta, é o pão que se
dá a comer aos próprios filhos”.
Três tentações de Cristo, observou Francisco, mas
também três tentações que o cristão enfrenta diariamente, três tentações que
procuram degradar, destruir e tirar a alegria e o frescor do Evangelho; que nos
fecham num círculo de destruição e pecado.
E o Papa convidou a perguntar-nos se estamos
conscientes destas tentações na nossa vida e se não nos acostumamos a um estilo
de vida que considera a riqueza, a vaidade e o orgulho como a fonte e a força
de vida.
Mas temos de escolher Jesus, e não o diabo, diz o
Papa, e a Igreja oferece-nos o tempo da Quaresma convidando-nos à conversão, na
certeza de que Deus está à nossa espera e quer curar o nosso coração de tudo
aquilo que o degrada - é o Deus cujo nome é misericórdia, nome no qual repomos
a nossa confiança.
E concluiu rezando para que o Espírito Santo renove
nos fiéis a certeza de que o seu nome é misericórdia e nos faça experimentar,
em cada dia, que o Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se
encontram com Jesus.
Fonte e imagem:Rádio Vaticano
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