Ecatepec
(RV) – Ao final da Missa em Ecatepec, a segunda
celebrada pelo Papa no México, neste domingo (14/02), Francisco exortou os
mexicanos a recordarem dos sofrimentos do passado para construírem
oportunidades para um país melhor, de vanguarda.
Citando Paulo VI, Francisco defendeu um México
capaz de dar emprego e cultura ao seu próprio povo, para que seja uma nação
“que não tenha de chorar homens e mulheres, jovens e crianças que acabam
destruídos nas mãos dos traficantes da morte”.
Abaixo, a íntegra da alocução de Francisco.
***
Queridos irmãos!
Na primeira leitura deste domingo, Moisés recomenda
ao povo: no momento da colheita, no momento da abundância, no momento das
primícias, não te esqueças das tuas origens.
A ação de graças nasce e cresce em uma pessoa e em
um povo que seja capaz de recordar: tem as suas raízes no passado que, entre
luzes e sombras, gerou o presente.
No momento em que podemos dar graças a Deus porque
a terra deu o seu fruto e assim é possível fazer o pão, Moisés convida o seu
povo a fazer memória enumerando as situações difíceis pelas quais teve de
passar (cf. Dt 26, 5-11).
Neste dia, neste dia de festa, podemos celebrar o
Senhor que foi tão bom para conosco. Damos graças pela oportunidade de estarmos
reunidos para apresentar ao Pai Bom as primícias dos nossos filhos e netos, dos
nossos sonhos e projetos; as primícias das nossas culturas, das nossas línguas
e tradições; as primícias do nosso compromisso...
Quanto tiveram de enfrentar, cada um de vocês, para
chegar aqui! Quanto tiveram de “caminhar” para fazer deste dia uma festa, uma
ação de graças! E quanto caminharam outros que não puderam chegar, mas, graças
a eles, pudemos continuar em frente.
Hoje, seguindo o convite de Moisés, queremos como
povo fazer memória, queremos ser povo com a memória viva da passagem de Deus
por meio do seu povo, no seu povo. Queremos olhar os nossos filhos, sabendo que
herdarão não só uma terra, uma língua, uma cultura e uma tradição, mas
sobretudo herdarão o fruto vivo da fé que recorda a passagem certa de Deus por
esta terra; a certeza da sua proximidade e solidariedade. Uma certeza que nos
ajuda a levantar a cabeça e, com vivo desejo, esperar a aurora.
Também eu me uno com vocês à esta memória
agradecida, a esta recordação viva da passagem de Deus em nossas vidas.
Olhando os seus filhos, tenho vontade de repetir as
palavras que um dia o Beato Paulo VI dirigiu ao povo mexicano:
“Um cristão não pode deixar de manifestar a sua
solidariedade e de dar o melhor de si mesmo, para resolver a situação daqueles
a quem ainda não chegou o pão da cultura ou a oportunidade de encontrar um
trabalho honrado (...), não pode ficar insensível enquanto as novas gerações
não encontrarem o caminho para realizar as suas legítimas aspirações”.
E continua com um convite a estar “sempre na
vanguarda em todos os esforços (…) para melhorar a situação daqueles que
padecem necessidade”, a ver “em cada homem um irmão e, em cada irmão, a Cristo”
(Rádio mensagem no 75º aniversário da coroação de N.S. de Guadalupe, 12 de
Outubro de 1970).
Desejo convidar-nos novamente hoje a estar na
vanguarda, a “primeirear” em todas as iniciativas que possam ajudar a fazer
desta abençoada terra mexicana uma terra de oportunidades; onde não haja
necessidade de emigrar para sonhar; onde não haja necessidade de se deixar
explorar para ter emprego; onde não haja necessidade de fazer do desespero e da
pobreza de muitos ocasião para o oportunismo de poucos.
Uma terra que não tenha de chorar homens e
mulheres, jovens e crianças que acabam destruídos nas mãos dos traficantes da
morte.
Esta terra tem o sabor da «Guadalupana», Aquela que
sempre nos precedeu no amor; digamos-Lhe: Virgem Santa, “ajudai-nos a brilhar
com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça
e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da
terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz” (Exort. ap. Evangelii
gaudium, 288).
Fonte e imagem: News.va
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