Senão para
todos, para a grande maioria o natal se resume em árvores coloridas iluminadas
com luzes pisca-pisca, ou presentes, ceia, roupa nova, sapato novo, sinais
visíveis de um transbordamento de alegria efêmera e fugaz, porquanto
centralizada no humano e material.
O caminho de
Nazaré a Belém, é o caminho da realidade que nunca passa, visto que é caminho
verdadeiro que não queremos nem desejamos refletir, mas que se faz necessário,
porque é ele que nos leva à maior festa da cristandade. Festa da alegria que
traz em si e no seu roteiro, renúncia, entrega, rejeição e abandono.
Na Anunciação os
sonhos de Maria são transfigurados através de uma mensagem do céu. Pensa,
reflete, angustia-se, medita, indaga, não entende e, por fim, renuncia-se a si
mesma, renuncia aos seus projetos, renuncia ao seu amado, e diz sim a Deus.
Entrega-se. A dor da renúncia é a
primeira placa de sinalização para Belém.
Após três longos
meses de espera, José sofre. A dor da solidão toma conta dos seus dias e das
suas noites. A saudade é grande. O vazio
é maior. O amor que os une é divino. Ora, pede, espera. Maria volta. No
reencontro a surpresa e a decepção: aquela a quem ama profundamente está
grávida. Toma sobre si toda a culpa. Resolva rejeitá-la em segredo. A dor da
dúvida rejeição é a segunda placa indicativa do caminho de Belém.
Quirino ordena
um recadastramento relâmpago. José tem de ir a Belém. Não pode deixar Maria
porque ela já está nos dias de dar à luz. Três dias de viagem no lombo de um
jerico. Cansaço, suor, sede, fome, dores, desconforto, calor. À noite vento,
frio, escuridão, perigos. É a terceira placa indicativa do caminho de Belém.
Ao chegar à
noitinha, a peregrinação. José bate de porta em porta, pergunta, informa-se. "Não
havia lugar para eles na hospedaria". Maria sofre. As contrações aumentam.
José busca nos arredores da cidade uma gruta onde os animais abrigavam-se
durante o inverno. Em meio aos animais Maria dá à luz o seu Filho, o Rei dos
Reis. Envolve o menino em faixas. É a última placa indicativa.
O caminho de Nazaré até Belém é o caminho da angústia, da solidão, da
ansiedade, da incerteza, do cansaço, da sede, da fome, das lágrimas, da
rejeição, mas nunca o caminho do desânimo. Fazer a caminhada até Belém sem
passar por estas placas indicativas, é não vivenciar plenamente o sentido do
Natal - sofrimento que gera alegria.
Porque Jesus
nasceu para acolher nossas dores e sofrimentos, o mundo se transforma; tudo é
júbilo, apesar da caminhada, e podemos cantar com os anjos: "Glória a Deus
nas alturas, e paz na terra aos homens e mulheres de boa vontade".
Paz e Luz
Antonio Luiz Macêdo
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