«Hoje, 24 de maio, é a festa de Maria Auxiliadora
que na China se celebra com particular devoção. Ofereço esta missa por todos os
chineses, por aquele grande país, para que o Senhor abençoe a China»: com estas
palavras o Papa Francisco deu início à celebração eucarística na capela da Casa
de Santa Marta durante a qual, na homilia, aprofundou o tema da «santidade
simples», à qual são chamados todos os cristãos: um «caminho» – disse – a
percorrer «todos os dias com coragem, esperança, graça e conversão».
A meditação de Francisco inspirou-se no trecho da
primeira Carta de são Pedro (1, 10-16) proposto pela liturgia do dia: «um
pequeno tratado sobre a santidade, uma exortação, mas também uma indicação do
caminho para a santidade». Trata-se, explicou o Papa, da «santidade simples de
todos os cristãos, a santidade diária, a nossa, que devemos praticar todos os
dias». A última referência é clara: são Pedro indica-a dizendo: «está escrito:
“Sede santos, porque eu sou santo”», e o próprio Deus disse a Abraão: «Caminha
na minha presença e sê irrepreensível». Isto é, explicou Francisco: «a
santidade é caminhar na presença de Deus de modo irrepreensível».
Acrescentando: «a santidade não se pode comprar, nem vender. Também não se
oferece». De facto, ela «é um caminho na presença de Deus, que devo percorrer:
não pode ser feita por alguém em meu nome». Certamente, «posso rezar a fim de
que outro seja santo, mas o caminho deve ser percorrido por ele, não por mim».
Para esclarecer melhor, o Pontífice, seguindo o
texto de Pedro, indicou algumas «palavras» úteis para nos ensinar «como é a
santidade de todos os dias, aquela santidade – digamos – anónima». Antes de
tudo, é preciso «coragem». Recorda-o inclusive Pedro: «Cingi, portanto, os rins
do vosso espírito, sede sóbrios». Serve sempre «a coragem de prosseguir», por
conseguinte podemos dizer que «o Reino dos Céus de Jesus é para os corajosos».
Depois o apóstolo continua: «Colocai toda a vossa
esperança na graça que vos será dada». Eis a segunda palavra útil: «esperança».
Não podemos, frisou o Papa, «empreender um caminho sem a vontade de chegar.
Nós, disse, esperamos «um encontro com Deus, um encontro com Jesus»: esta
esperança «move a coragem». Depois são Pedro fala de «graça». E é a terceira
palavra que faz compreender que «não podemos alcançar a santidade sozinhos»,
pois «é uma graça». Explicou Francisco: «Ser bom, ser santo, todos os dias dar
mais um passo em frente na vida cristã é uma graça de Deus e devemos pedi-la» e
ter a «disponibilidade» para a receber.
Sobre o tema da «esperança do caminho» o Pontífice
sugeriu a releitura do capítulo XI da Carta aos Hebreus: «narra-se o caminho
dos nossos pais, dos primeiros chamados por Deus, do modo como eles
prosseguiram. E do nosso pai Abraão diz: “Ele partiu sem saber para onde ia”».
Cada um de nós, afirmou, pode «pedir esta graça ao Senhor» e «com simplicidade»
rezar: «Senhor, sou um pobrezinho, mas tu podes fazer o milagre de me tornar um
pouco melhor». Assim, podemos «abrir o coração» a fim de que o Espírito aja em
nós.
Por fim, outra palavra sugerida por Pedro, que
escreve: «À maneira de filhos obedientes, já não vos amoldeis aos desejos que
tínheis antes, no tempo da vossa ignorância. A exemplo da santidade daquele que
vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações». Fala-se aqui de
«conversão». Disse o Papa: ao longo do caminho «não devemos olhar para trás: é
uma estrada para ir em frente, rumo ao horizonte, com esperança, coragem e
abertos à graça», mas pode acontecer que «um dia progrido, noutro regrido. Isto
não ajuda», faz com que permaneçamos «parados no mesmo lugar». Portanto «todos
os dias» precisamos da conversão. Talvez alguém possa dizer: «Padre, para me
converter devo fazer penitências, flagelar-me», mas – explicou Francisco – servem
«pequenas conversões». «Se conseguires não falar mal dos outros, estás no bom
caminho para te tornares santo». Somos chamados a coisas simples: «Tenho
vontade de criticar um vizinho, um colega de trabalho?» será útil «morder a
língua um pouco», talvez «ela ficará inchada» mas «o vosso espírito será mais
santo neste caminho».
O importante é «prosseguir» neste caminho «simples»
mas que exige também «força» – «que é um dom do Espírito Santo – para «carregar
os sofrimentos». De qualquer maneira, eles chegam mais cedo ou mais tarde: «uma
doença ou a morte de uma pessoa querida, um problema com os filhos ou com os
irmãos, um problema mais grave nos negócios ou no trabalho». A referência é
sempre Jesus, o qual «prosseguiu e sofreu». Assim também para nós «há os pequenos
pedaços de cruz», mas há também «a alegria deste caminho» durante o qual, «em
todos os momentos» nos encontramos com Jesus.
Portanto, resumiu Francisco: «Coragem, esperança,
graça, conversão e força», assim «construimos a santidade de todos os dias, na
Igreja: cada dia um passinho em frente neste caminho rumo ao encontro com o
Senhor».
Fonte e imagem: L’Osservatore Romano
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