O Papa celebrou em São Pedro mas com o coração
estava ainda em Lesbos. Nos seus olhos permaneceram os rostos da humanidade
sofredora que nas praias da ilha grega procuram refúgio para a maior
«catástrofe humanitária» dos últimos setenta anos. E talvez até por isso aos
novos sacerdotes ordenados no dia seguinte da sua visita aos refugiados
recordou com voz grave que «sem cruz nunca encontrareis o Jesus verdadeiro» e
convidou-os a ser «muito misericordiosos» e a fazer-se «voz da humanidade
inteira».
Uma recomendação que Francisco confiou pessoalmente
a cada um dos onze diáconos que se tornaram sacerdotes no domingo do bom
pastor, quarto de Páscoa, quinquagésimo dia mundial de oração pelas vocações.
Com eles – prosseguindo uma tradição inaugurada no tempo do episcopado em
Buenos Aires – antes que inicie o rito o Pontífice recolhe-se por alguns
minutos a falar e a rezar na capela da Piedade, na qual no final da missa se
encontrou de novo com eles, beijando as suas mãos que acabaram de ser
consagradas e saudando os pais que os acompanhavam. Onze percursos humanos e
espirituais diferentes, que se realizaram na vocação sacerdotal, selada pelo
«Eis-me!» pronunciado em voz alta no início da liturgia de ordenação.
Quem dentre eles experimentou a cruz certamente foi
o iraquiano Firas A. Kidher, 39 anos, de Bagdad, formado na congregação dos
rogacionistas do Coração de Jesus. Uma infância e juventude marcadas pelo
sofrimento – por causa de um acidente ficou dias em coma e sofreu uma série de
intervenções cirúrgicas – e pela trágica realidade da guerra e da violência.
Pelo menos duas vezes viu a morte de perto: em 2006 na Síria escapou de uma
agressão terrorista e em 2014 em Mossul sobreviveu a explosão de uma bomba. «Vê-se
que o Senhor ainda tinha um projeto para mim», confidenciou sorrindo.
Também outro sacerdote asiático recebeu a
ordenação: o filipino de 41 anos, Lopito Migue Lituañas, uma vocação descoberta
depois de ter trabalhado por muitos anos como enfermeiro. Estudou no colégio
diocesano missionário Redemptoris Mater, juntamente com outros três sacerdotes
do grupo: Andrea Lamonaca, romano, 44 anos (o mais velho), um passado de agente
florestal; Luigi Pozzi, também ele romano, 40 anos, analista programador; Mattia
Seu, milanês, 31 anos, formado em fisioterapia. Estudaram no Pontifício
seminário romano maior Andrea Calamita, 25 anos de Roma, o mais jovem; Simone
Galletti, romano, nascido em 1981, formado em medicina; Eugenio Francesco
Giorno, 32 anos originário de Cosenza, uma grande paixão pela música que o
trouxe a Roma para estudar no conservatório de Santa Cecília. Formou-se no Almo
Colégio Caprânica Giuseppe Castelli, nascido em Reggio Calabria em 1972,
formado em engenharia química, com uma longa experiência no estrangeiro que lhe
permitiu conhecer o padre Andrea Santoro. No seminário de Nossa Senhora do
Divino amor estudou Alberto Tripodi, di Messina, 33 anos, formado em ciências
motoras e desportivas. Dos dois outros sacerdotes, o iraquiano pertence aos
rogacionistas e o dos Abruços Marco Pagliaccia – diplomado no instituto agrário
– à Confederação do Oratório de São Filipe Neri.
Fonte e imagrem: L’Osservatore Romano
Nenhum comentário:
Postar um comentário