Cidade do Vaticano (RV) – Os
testemunhos dos pais de um operador da Caritas síria assassinado pelo
auto-proclamado Estado Islâmico (EI), de um sacerdote católico caldeu
sequestrado pelo EI, de uma religiosa missionária na Síria e de uma mulher
iezite sequestrada pelo EI ressoaram no Conselho Econômico e Social das Nações
Unidas na quinta-feira, (28/04), em Nova Iorque.
O debate sobre liberdade religiosa foi promovido
pela Missão permanente da Santa Sé na ONU, em parceria com outras organizações
não-governamentais que atuam na defesa dos direitos humanos. O Observador
permanente da Santa Sé, Arcebispo Bernardito Auza, coordenou as sessões e
destacou a necessidade de se promover continuadamente o debate sobre a
perseguição religiosa.
Situações dramáticas
“Não é possível falar sobre tudo o que precisa ser
dito em um evento de três horas. Não é possível fazer justiça a cada grupo
étnico e religioso alvo de expulsão e extermínio. Mas esperamos, por meio das
particularidades que poderemos examinar, conscientizar sobre este sofrimento
onde quer que ele ocorra”, exortou o observador vaticano.
Para tanto, os debates foram divididos em três
sessões: a primeira sobre a proteção das vítimas de perseguição e a promoção da
liberdade religiosa no mundo inteiro; a segunda com as vítimas e testemunhas
oculares das atrocidades de massa contra os cristãos e outras minorias
religiosas praticadas pelo EI na Síria e no Iraque e pelo Boko Haram na
Nigéria; e a última apresentou em detalhes o sofrimento e os abusos sexuais
sofridos por mulheres e meninas iezites no Oriente Médio.
Genocídio
Padre Douglas Al Bazi, sacerdote católico caldeu
sequestrado pelo EI, denunciou o genocídio em curso contra os cristãos no
Iraque:
“Em 2003, éramos mais de 1,5 milhão de cristãos no
Iraque. Hoje somos apenas 300 mil, talvez somente 200 mil. Muitos deles vivem
em campos no Curdistão, com poucas esperanças. Eu sei o que as pessoas que
vivem nos campos passaram: assim como eles, eu fui sequestrado e torturado por
terroristas simplesmente porque sou cristão. Todos os dias eu olhava para a
cela ensanguentada onde fui colocado. Não quero mais ver o sangue do meu
povo”.
Dom Auza encerrou os debates recordando a carta que o Papa enviou aos
cristãos do Oriente Médio no Natal de 2014:
“A presença de vocês é preciosa para o Oriente
Médio. Vocês são um pequeno rebanho, mas com uma grande responsabilidade na
terra onde nasceu e de onde irradiou o cristianismo. São como o fermento na
massa. A maior riqueza para a região são os cristãos; são vocês. Obrigado por
sua perseverança!”, escrevera Francisco.
O evento prossegue até sábado e pode ser
acompanhado no Twitter por meio da hashtag #WeAreN2016
Fonte e imagem; News.va
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