Só o tempo
dedicado a Deus, ao cumprimento de sua vontade, não passa; fixa-se em Deus
O tempo passa e não volta mais. Assinalou Deus a
cada homem um tempo determinado para realizar seu plano sobre ele: o tempo da
vida terrena. É este, para cada um, “o momento propício… o dia da salvação”
(2Cor 6,2), no qual cumpre trabalhar com entusiasmo, para cooperar com a graça,
na própria santificação. Passado este tempo, não haverá outro, e o mal
empregado estará perdido para sempre. A condição da vida humana é um contínuo
fluir, um contínuo correr do tempo que não volta! Na eternidade, ao contrário,
já não haverá vicissitudes: tudo será estável.
Todo homem ficará estabelecido no grau de amor que
tiver alcançado no tempo: se for grande, em um grande grau de amor e de glória,
será estabelecido eternamente; se for pequeno, não terá mais este por toda a
eternidade. Terminado o fluir do tempo, já não é possível progresso algum. “Não
nos cansemos de fazer o bem – exorta São Paulo – e se não desistirmos, a seu
tempo colheremos. Enquanto temos tempo, façamos o bem a todos” (Gl 6,9-10).
Cada ano que passa é admoestação a valorizarmos o tempo presente,
santificando-o por meio da caridade. “Trata-se de dar a cada instante o máximo
de amor, de eternizar o instante que foge, dando-lhe o valor da caridade” (Ir.
Carmela do Esp. Santo).
“Não sabíeis que devo cuidar das coisas de meu
Pai?” (Lc 2,49). Para Jesus, tem a vida uma só finalidade, um só empenho: a
vontade, os interesses, a glória do Pai. Seguir Jesus significa procurar viver
em profundidade esta sua atitude, na convicção de que uma única ocupação tem
valor: “cuidar das coisas do Pai”.
Quantas vezes, ao contrário, a existência do
cristão se dispersa em mil direções, em mil futilidades, coisas caducas, que
passam com o passar do tempo, puras vaidades da vida terrena! Só o tempo
dedicado a Deus, ao cumprimento de sua vontade, não passa; fixa-se em Deus,
tornando o homem participante de sua imutabilidade. Então o fluir do tempo não
lança o véu da tristeza sobre a existência do homem, mas enche-lhe o coração de
alegria, porque só faz aproximar o encontro eterno com Deus. Seja assim, cada
ano, um salto à frente para a verdadeira pátria, e seja cada dia assinalado
pelo desejo ardente do Senhor: “Vinde, Senhor Jesus!” (Ap 22,20).
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