É
possível que o culto mariano se tenha iniciado, nas Barrocas, muito antes do
século XV ou XVI, época da imagem de Nossa Senhora com o Menino, ainda hoje ali
existente.
A
mais antiga referência conhecida à ermida, fonte e cascata é do Couseiro ou Memórias do Bispado de
Leiria, obra escrita cerca do ano de 1657: 'Por baixo das casas do
cura desta igreja (de Nossa Senhora da Luz de Maceira), na concavidade que faz
a altura dela, ao sítio do adro, está um oratório que fez um devoto, e nele a
imagem de Nossa Senhora ( que estava antes no mesmo lugar, em uma lapa, que se
fazia no dito barrocal) ; é a imagem de vulto, com um nicho de pedra doirado,
em um altar; em que no ano de 1654 se deu licença para se dizer missa, a
instâncias de João Francisco, de Maceira (Maceirinha), que fez o oratório e o
dotou; consta do livro 3º do Registo (da Chacelaria do Bispado), fl 132, na
volta. O orago é de Nossa Senhora da Guia, que lhe deram os devotos da
Pederneira, que vêm ali em romaria, e dantes se chamava do Barro, e ainda
muitos lhe chamam da Barroquinha; é de romagem. E junto a este oratório está
uma fonte, em que se lavam os romeiros para remédio de suas enfernidades; e da
eminência do dito barrocal cai um regato de àgua, que daí vai correndo e faz o
sítio alegre.'
Num
livro de casamentos da freguesia de Maceira, o padre João Tavares, cura de
Maceira, deixou anotado, talvez depois do falecimento de João Francisco (1682),
que fora este que 'mandara fazer, por sua devoção e à sua custa, a Ermida de
Nossa Senhora da Guia, no sítio da Barroca'. em 1721, o Padre Luis Vieira de
Sousa, natural de Maceira e também seu pároco, diz que, quando a imagem
apareceu na lapa, a levaram para a igreja paroquial, mas 'a Senhora tornara ao
mesmo lugar'. Por isso, na mesma barroca, fizeram 'um telhado sobre umas colunas
de pedra onde esteve a Senhora muitos anos, e conta-se que aí a iam visitar os
fiéis com suas ofertas, e tivera ocorrência de romagem, que não há já há anos'.
Acrescenta ainda que João Francisco, por alcunha 'o Rico', mandara fazer a
capela 'e lhe deu no mesmo sítio um serrado ou courela de terra para a fábrica
da dita capela, e, com efeito, rende para a Senhora'. Mas em 1758, a imagem de
Nossa Senhora da Barroquinha estava na igreja paroquial, por se achar a dita
ermida arruinada há muitos anos'.
Depois
de 1780, data que se encontra por cima da fonte, numa das inscrições ali
existentes, a capela foi também restaurada, porque o frontal de azuleijos do
altar, com motivos florais, da Fábrica do Juncal é dos finais do século XVIII.
Cerca
de cem anos depois, de Julho de 1887 a Setembro de 1888, o Santíssimo
Sacramento esteve guardado na capela, enquanto duraram as obras da igreja
paroquial, benzida no dia 6 de Outubro desse último ano. O Cónego José Pereira
da Costa, ilustre pároco de Maceira , depois de falar da capela, escreveu em
1900: 'Junto desta capela está a pitoresca e formosa cascata, medindo 16 metros
de altura, que tem merecido as visitas de tanta gente, que de bem longe tem
vindo admirá-la. É um sítio deveras encantador e que bem merece as atenções do
visitador competente e entendido, já pelos formosos estalactites que ali se
encontram, já pelos variadíssimos tufos de verdura que deliciam os olhos do
observador. Admira-se, nao se descreve...'
No
decorrer das décadas de 1940 e 1950 e no ano de 2000 houve obras de
beneficiação do sítio de Nossa Senhora da Barroquinha que incluíram também
novos restauros da capela.
No
ano de 1942, fora inaugurado ali um formoso monumento a Nossa Senhora de
Fátima, infelizmente já desparecido, obra do artista maceirense José Pedro
Luciano
Cristino
Leia as obras de Antonio Luiz Macêdo:
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